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Os conceitos de Smart Cities e Smart Farms trazem consigo soluções tecnológicas que visam melhorar as vidas das pessoas nas cidades e no campo. Unir e aperfeiçoar as necessidades primárias e fundamentais das populações que vivem em aglomerações urbanas, além de um melhor manejo, por exemplo, da agricultura – do plantio à colheita – daqueles que vivem na zona rural, são algumas das tarefas e desafios ligados a essas categorias do Campus Mobile.

Vivian Blaso é idealizadora e pesquisadora no Cidades Afetivas e está se dedicando ao estudo “Cidades Globais”, no pós-doutorado do Instituto de Estudos Avançados – IEA USP (crédito: divulgação)

 

Neste 6º áudio da série de podcasts sobre o programa, o Instituto Claro entrevista a pesquisadora e pós-doutoranda em Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), Vivian Blaso.

“Eu investigo essas causas que são comuns: a água, o ar, a biodiversidade. Nesse caso, eu estudo políticas públicas municipais e estaduais que estão relacionadas às áreas verdes em São Paulo, levando em consideração a comparação com outras cidades, também globais, onde essas ações participativas já aconteceram e acabaram gerando processos de políticas públicas, como é o caso de Tel Aviv e algumas cidades no Chile”, comenta Vivian.

Sobre a cidade israelense, ela destaca o avanço em ações públicas quando o assunto é o destino e consumo saudável dos alimentos. “O processo de engajamento da comunidade local, por volta dos anos 2000, ajudou a construir, de forma colaborativa, a conscientização da população até chegar na formulação de políticas públicas que priorizam a formação e manutenção de áreas verdes”.

No áudio, Blaso ressalta que a questão das áreas verdes vai além dos aspectos de redução de gases do efeito estufa, mas envolve também a melhora nos hábitos de consumo.

Ainda no podcast, a também idealizadora do Cidades Afetivas traz exemplos e dicas de aplicativos ligados à categoria smart cities. De acordo com a especialista, os protótipos devem auxiliar no mapeamento das questões essenciais da sociedade e aproximar o poder público da comunidade.

“A questão da despoluição de rios é algo que vem acontecendo nas grandes cidades globais, e, em São Paulo, tende a ocorrer também. É um processo que vem como pauta tanto de reivindicação da sociedade civil como intenção de políticas públicas no futuro”, aponta.

Segundo Blaso, um processo como esse só se efetiva se for levada em consideração a proteção das florestas. Afinal, um rio, para estar despoluído, também depende da sua condição na biodiversidade local, sua fauna e flora. “Vivo ele sempre está. Ele não morre. Mas é preciso criarmos condições para que ele continue saudável e realizando os serviços ecossistêmicos essenciais para todos nós”, resume a entrevistada, trazendo um exemplo que une desafios nos meios urbanos e rurais simultaneamente.

Smart Farms

Nas fazendas e campos do mundo, a vida dos moradores locais pode ser melhorada aliando o crescimento da produção agrícola à sustentabilidade do planeta. Aparelhos, por exemplo, que prevejam, com precisão, a chegada das chuvas, os níveis de umidade do ar ou a temperatura são muito úteis para a agricultura. Blaso também exemplifica um caso internacional.

“Na Austrália, o país recebe investimentos do governo para o desenvolvimento e suporte de comunidades que estão organizadas localmente, mas que estão relacionadas a movimentos de proteção de condições do solo, da água, da vegetação, da biodiversidade, para redução do impacto da produção dessas fazendas em relação aos recursos naturais”, revela.

Já no caso brasileiro, entretanto, a pesquisadora enxerga que é preciso que se dê mais ênfase à preservação, pois nota a associação do conceito de smart farms mais ao controle de custos para aumentar a produtividade das fazendas. Isto é importante, mas, para ela, não se pode deixar de levar em consideração as questões que são essencialmente relacionadas ao impacto dos gases do efeito estufa, à destruição do solo e da água e à poluição atmosférica. “Esses quesitos são até mais importantes hoje do que a própria questão de usar as smart farms como alternativa de solução para o desenvolvimento local”, salienta.

Transcrição do áudio:

Vivian Blaso:
Esse conceito está embasado na infraestrutura dos prédios inteligentes, na mobilidade, na conectividade, na segurança. A proposta das cidades inteligentes é melhorar as condições de vida das pessoas, com base na governança dos espaços, priorizando: saúde, segurança, bem-estar social.

Eu sou a Vivian Blaso, idealizadora do Cidades Afetivas, pesquisadora no pós-doutorado no IEA-USP em Cidades Globais e professora na Faap.

Vinheta “Instituto Claro – Campus Mobile”

Música de fundo

Marcelo Abud:
De que adianta termos boa saúde, educação e conhecimento se não forem para todos, em um processo em que os campos e as cidades estejam interligados?

Nesse contexto, surgem os conceitos de Smart Cities e Smart Farms como soluções para melhorar a vida das pessoas nos territórios urbanos e rurais.

Vivian Blaso:
Essas plataformas smarts elas estão interligadas ao chamado ‘big data’, uma nuvem de informações sobre o perfil dos usuários que, cadastrados, por exemplo, no Google, começam a receber ofertas de conteúdos relacionados ao seu perfil. No âmbito das cidades inteligentes, algumas empresas veem promovendo projetos de inovação social. Cidades que se dizem ‘cidades do futuro’, cidades sustentáveis, cidades digitais. Nas práticas, esses conceitos têm sempre um destino comum: promover mudanças e alternativas viáveis para o desenvolvimento das cidades, integrando planejamento urbano, sustentabilidade, tecnologias e aproveitamento do potencial criativo e o desenvolvimento local de cada região.

Música: “De rolê pelo país” (Puma), com Matéria Rima
“Subi ao Maranhão, Rio Grande do Norte, Natal. E então, / Chegando na Região Norte, fiquei maravilhado / Com tanto verde, no Amazonas tantos rios, fiquei pirado! / Mas resolvi ir pro Amapá, conhecer Macapá / Descer pro Pará rezar em Belém / Em Tocantins bater Palmas pra beleza também”

Marcelo Abud:
Ações de preservação das espécies vegetais nas cidades são citadas por Vivian Blaso em um importante exemplo internacional que contou com a participação ativa da população da cidade.

Vivian Blaso:
Em Israel (Tel Aviv), considerada uma smart city, o processo de engajamento da comunidade local, por volta dos anos 2000, ajudou a construir, de forma colaborativa, a conscientização da população até chegar na formulação de políticas públicas que priorizam a formação e manutenção de áreas verdes, que envolvem desde a criação de parques, conservação da biodiversidade, até a implantação de hortas comunitárias e programas de alimentação que os pais passam, para envolver em processos de conscientização de hábitos mais saudáveis. A questão das áreas verdes está relacionada não só com aspectos da redução de gases do efeito estufa, mas de hábitos de consumo.

Música: “Uma só voz” (Cazuza), com Titãs e amigos
“É uma só voz / É você, somos nós / Desta vez, não estamos sós”

Vivian Blaso:
As formas de participação voluntária, coletiva e colaborativa em movimentos sociais têm levado a discussões mais propositivas do que provocativas. Os grupos já perceberam que é preciso, primeiro, encontrar caminhos para estreitar conversas e diálogos entre a sociedade civil e o poder público, para formulação de políticas públicas que levem em consideração os comuns: água, energia, ar, o verde, a biodiversidade.

Marcelo Abud:
A tecnologia pode ajudar no desenvolvimento das cidades e dos campos, se os projetos estimularem a participação da cidadania. A professora da Faap exemplifica de que maneira os aplicativos, por exemplo, ajudam a mapear áreas em que o desperdício de comida é considerável.

Vivian Blaso:
Soluções tecnológicas que possam desde ensinar como fazer uma composteira no bairro até na questão de quais resíduos e como você deve fazer esse processo de compostagem. E também de sistematizar uma série de informações e dados sobre hábitos de consumo de cada pessoa geolocalizada em cada bairro. Se a gente for pensar que, hoje, 50% do nosso resíduo no mundo é compostável, significa que é de comida que é desperdiçada, ele pode ser um grande incentivador à adoção de políticas públicas urbanas voltadas para reciclagem do resíduo orgânico. Isso na nossa casa, nos bares, no nosso bairro, e isso vai se estendendo para grandes escalas.

Música: “As coisas são mais lindas” (Nando Reis), com Nando Reis e Anavitória
“Água marinha põe estrelas no mar / Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos / E penínsulas e oceanos que não vão secar”

Marcelo Abud:
Nas grandes cidades, a questão da mobilidade é outro assunto em que os aplicativos têm trazido soluções inteligentes.

Vivian Blaso:
Os aplicativos de carona, as corridas compartilhadas, isso a gente já tem dados da redução das emissões de gás de efeito estufa. Nós temos, também, aplicativos que conectam as pessoas com a questão da cidade, então as pessoas podem contribuir colaborativamente com as suas opiniões, suas sugestões; e nós temos aplicativos, hoje, que fazem o mapeamento da identificação das árvores, de que flora que ela pertence e isso conecta o cidadão da cidade com seu pertencimento em relação a qual é a biodiversidade da qual nós estamos inseridos, aqui, por exemplo, em São Paulo, a mata atlântica. Sim, a tecnologia é totalmente amigável, e é possível alinhar a tecnologia para que tenhamos cidades mais inclusivas, mais resilientes no cumprimento da nova agenda urbana ambiental proposta pela ONU.

Marcelo Abud:
Para você que quer criar alguma solução tecnológica nas categorias Smart Cities e Smart Farms do Campus Mobile, a autora do blog Cidades Afetivas dá dicas e aproveita para citar exemplos de aplicativos relevantes.

Vivian Blaso:
Trabalhar com aplicativos que facilitem esses processos relacionados à ouvidoria e à mediação entre o setor público e a sociedade civil. Certamente, teremos uma aceleração no processo entre as políticas públicas e os desejos dos cidadãos. O Colab: você pode postar um problema e a prefeitura vai te ajudar a resolver; o Adema, que é a administração estadual do meio ambiente em Sergipe, é um aplicativo de denúncia gratuito relacionado a crimes ambientais; em São Paulo, nós temos a Denúncia Ambiente, da Prodesp, aonde também os cidadãos podem fazer as suas denúncias relacionadas às questões ambientais; e o Governo Federal disponibiliza o Siconv, que é Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse, onde os cidadãos, além de sugerir políticas públicas em sua cidade ou no seu Estado, também é possível acompanhar os convênios, os contratos e os repasses dos termos de parceria.

Marcelo Abud:
Os projetos ligados à categoria Smart Farms envolvem inovações que possam contribuir para melhorar a vida dos habitantes em regiões rurais e suas atividades econômicas, como, por exemplo, a produção agropecuária, o turismo ecológico e o extrativismo sustentável. No entanto, Vivian Blaso cita o exemplo australiano para ressaltar a importância de se considerar os impactos ambientais na criação de aplicativos em Smart Farms.

Vivian Blaso:
Na Austrália, ela recebe investimentos do governo para desenvolvimento e suporte de comunidades que estão organizadas localmente, mas que está relacionada a movimentos de proteção de condições do solo, da água, da vegetação, da biodiversidade para redução do impacto da produção dessas fazendas em relação aos recursos naturais. Esse conceito, no Brasil, hoje, parece que está mais voltado para o quanto você consegue controlar custo para aumentar a sua produtividade, deixando de levar em consideração as questões que são essencialmente relacionadas ao impacto dos gases do efeito estufa, a destruição do solo e da água, a poluição atmosférica. Então essas questões são até, hoje, mais importantes do que a própria questão de usar as smart farms como alternativa de solução para o desenvolvimento local.

Música de fundo

Marcelo Abud:
Desde a segunda edição do Campus Mobile, realizada em 2013, os ingressantes contam com mentoria qualificada quando o assunto é desenvolver projetos inovadores em soluções mobile para o melhor funcionamento das atividades das pessoas nas cidades e nos campos. Então, é hora de criar projetos que visem o desenvolvimento econômico e sustentável, sem se esquecer da qualidade de vida.

Com apoio de produção de Daniel Grecco, Marcelo Abud para o Instituto Claro.

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