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Marcelo Abud

Cientista política e especialista em segurança pública, Ilona Szabó de Carvalho é coautora do livro “Segurança pública para virar o jogo”. Diretora-executiva do Instituto Igarapé Szabó conversou com o Instituto Claro sobre o que torna o Brasil um dos países recordistas em mortes violentas no mundo e como é possível mudar essa realidade.

Na entrevista, ela aponta fatores como desigualdade social, desemprego, baixa escolaridade e um processo acelerado de urbanização como responsáveis pelos altos índices de homicídios no país e alerta que “o medo, a raiva e o ódio cegam nosso lado racional”, o que pode tornar o quadro da segurança pública ainda pior.

A prevenção e o entendimento de que segurança pública não é só responsabilidade das polícias, mas sim de uma ação compartilhada de todos é fundamental. Para ela, está equivocada a visão de que a segurança é um papel só de repressão. “Precisamos investir em um conjunto de ações que envolva a prevenção e o policiamento inteligentes, com apoio na tecnologia, que ajuda a ter mais transparência nas ações e a melhorar o repositório de dados.”

“Segurança pública para virar o jogo” traz dados atuais que apontam mais de 60 mil assassinatos por ano no Brasil, mais da metade deles atingindo a população entre 15 e 29 anos. “Temos no Brasil um déficit educacional. Sabemos onde estamos perdendo nossos jovens e quais os investimentos para reverter isso”, afirma. Szabó indica que a questão começa ainda na primeira infância, em que o excesso de exposição à violência em crianças gera sequelas físicas, emocionais e neurológicas.

Para Ilona, a virada de jogo na segurança pública começa ainda na primeira infância (crédito: Alexandre Fukugava)

 

O livro, que assina com Melina Risso, traça um panorama do sistema de segurança pública e justiça criminal no Brasil e aponta soluções para tornar o cotidiano das cidades menos violento. Na entrevista em formato podcast, Szabó explica ainda porque uns morrem mais que outros e que a discriminação social e racial também gera distorções e distanciamento de parcela da sociedade em relação ao tema. “Tem esta máxima na sociedade de que bandido bom é bandido morto. Eu sempre digo: bandido bom é bandido preso e recuperado, porque essas pessoas voltam para a sociedade”, conclui.

Créditos:
As músicas utilizadas na edição do áudio, por ordem de entrada são “Tempo perdido” (Renato Russo), com Legião Urbana, “A carne” (Seu Jorge), com Elza Soares, “Polícia” (Tony Bellotto), com Titãs.

Crédito da imagem principal: divulgação

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