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A produção audiovisual de coletivos culturais do início da década de 2000 chamou a atenção do antropólogo Guilhermo Aderaldo. Isso porque a ampliação do acesso a smartphones e a facilidade de se gravar, editar ou até mesmo transmitir ao vivo vídeos motivam jovens a apresentar um ponto de vista sobre a metrópole paulistana diferente do que se vê costumeiramente na mídia tradicional.

Outro fator que estimula esse videoativismo é a oferta de cursos e oficinas culturais em locais afastados das regiões centrais. “Muitos desses jovens passaram por laboratórios e oficinas de educação audiovisual oferecidos por ONGs, mas não dá para atribuir a essas instituições a mobilização deles em torno da produção audiovisual politicamente engajada. Um detalhe importante é que se tratavam de jovens que já acumulavam experiências de engajamento em vários movimentos sociais e culturais, sendo que uma boa parte deles também chegou à universidade, passando a refletir de forma mais detida sobre suas próprias experiências políticas na e com a cidade”, ressalta Aderaldo. Dessa forma, o videoativismo do século XXI evidencia manifestações sociais e artísticas e, também, as demandas de populações marginalizadas.

O videoativismo promove “pontes comunicativas” capazes de criar vínculos entre áreas e populações de diferentes regiões precarizadas da cidade, alargando o sentido da noção de “periferia”. Aderaldo afirma que a criação desses vínculos faz com que “a periferia deixe de ser entendida como um sinônimo de áreas geográficas fixas e isoladas, marcadas por uma situação de carência e de vulnerabilidade, e passe a ser interpretada como a expressão de uma experiência urbana marcada pelo acesso desigual a direitos. Entendida nesses termos relacionais, portanto, a periferia passa a ser vista como algo dotado de mobilidade e que, por isso, pode ser vista por toda a cidade”.

Ação de videoativismo em prédio no centro de São Paulo (crédito: Guilhermo Aderaldo)

 

No áudio, você acompanha esses e outros pontos, como as diferenças que marcam a produção e o conteúdo de vídeos populares dos anos 1970 e 1980 e o videoativismo dos anos 2000, temas que são alvo do estudo do Guilhermo Aderaldo, pós-doutorando no departamento de antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).

Créditos:
As referências de áudio utilizadas na edição do podcast foram extraídas dos vídeos “A luta do povo”, de Renato Tapajós, e “Tekoa Itakupe – Terra indígena do Jaraguá”, da Ação Direta de Vídeo Popular (ADVP).

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