A educação foi um importante fator de resistência contra o nazismo, como mostra o recém-lançado livro “Gueto de Varsóvia: educação clandestina e resistência”, da pesquisadora Nanci Nascimento de Souza. Durante a invasão nazista na Polônia, o Gueto de Varsóvia reuniu 450 mil hebreus e servia como uma prévia para os campos de concentração. “Os judeus não tinham direito ao ensino, à cultura, à prática da religião”, lembrou a pesquisadora em entrevista para a Agência Fapesp.
Em dezembro de 1940, os professores desse povo assumiram o risco de educar as mais de 30 mil crianças em idade escolar que lá viviam. “Improvisaram, em diversas casas, escolas clandestinas. Providenciaram alimentos, roupas e condições mínimas de higiene. Ensinaram o idioma iídiche, literatura, matemática. Transmitiram noções sobre direitos, valores éticos e solidariedade. E devolveram às crianças o direito à infância, inclusive com a oportunidade de brincar”, disse.
Além disso, os educadores promoveram uma campanha no Gueto para que todos passassem a falar em iídiche, considerada a língua nacional judaica, e promoveram apresentações teatrais.A pesquisa de Souza foi realizada no arquivo reunido pelo historiador, político e educador judeu-polonês Emanuel Ringelblum [1900-1944], que viveu no Gueto.
Material para educadores
O livro “Gueto de Varsóvia: educação clandestina e resistência” integra a coleção Histórias da Repressão e da Resistência, produzida pelo Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER), coordenado pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro da Universidade de São Paulo (USP).
O LEER disponibiliza o Arquivo Virtual sobre Holocausto e Antissemitismo, direcionado aos educadores e pesquisadores do tema. “No menu dessa base de dados, disponibilizamos diversas apostilas para uso em sala de aula, além de oferecermos cursos, oficinas de teatro e arte etc.”, destaca Carneiro.
Com Agência Fapesp.