O Brasil destina aproximadamente 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para educação, mesmo valor que países tidos como desenvolvidos. Não raro, este dado é utilizado por economistas para argumentar que não faltam recursos para a área, mas uma boa gestão do dinheiro.
Os motivos pelos quais essa afirmação é equivocada, contudo, são apontados pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), José Marcelino de Rezende Pinto, no artigo “Santo de casa não faz milagre”. O texto foi publicado pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped).
“O que esses argumentos ocultam é que, dado o pequeno tamanho do PIB brasileiro e as dimensões dos desafios educacionais, quando se considera o recurso disponível por estudante, chega-se a valores três a quatro vezes menores que aqueles praticados pelas nações que já resolveram seus problemas básicos de acesso e permanência no sistema educacional”, destaca.
Marcelino ainda recorre a dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para revelar a distância no gasto por aluno entre os países que colaboram com a organização. “Enquanto o Brasil gastou, em média, US$ 3.000 por aluno na educação básica, em dólar com paridade de poder de compra (medida que considera as diferenças no custo de vida entre os países), a média da OCDE foi de US$ 8.700 pra o ensino primário e US$ 10.100 para o secundário”, relembra.