O número de crianças migrantes e refugiadas em todo o mundo aumentou 26% desde 2000, segundo aponta o Relatório de Monitoramento da Educação Global 2019, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Com o título “Migração, Deslocamento e Educação: Construindo pontes, não muros”, o documento afirma que a quantidade de alunos nesta situação poderia encher meio milhão de salas de aula.

A Unesco estipulou sete recomendações para as nações do mundo: proteger o direito à educação de migrantes e pessoas deslocadas; incluir esta população em seus sistemas educacionais; planejar atendimento às suas necessidades; trazer histórias de migração e deslocamento para combater preconceitos; preparar professores para lidar com a diversidade; aproveitar o potencial destes grupos e apoiá-los para o seu desenvolvimento.

O Brasil ganhou destaque pelas ações do município de São Paulo, que garantem acesso e mesmos direitos dos alunos paulistanos aos imigrantes. Contudo, o documento alertou para a tendência de imigração de pessoas altamente qualificadas. A América Latina perde uma em cada 12 pessoas com alto nível de educação para a imigração, enquanto no Caribe uma em cada duas pessoas com essas características imigram. “É difícil substituir professores de matemática, física, ciências e ciência da computação propensos a mudar para o exterior”, destaca o relatório.

Por fim, a Unesco reforçou a preocupação com menores desacompanhados, que são encaminhados, cada vez mais, para centros de detenção. Entre 2013 e 2017, em média, 50 mil crianças de El Salvador, Guatemala, Honduras e México foram paradas na fronteira norte americana por ano. Nos Estados Unidos, profissionais de saúde pediátrica e mental relataram que os serviços de educação nesses locais eram inadequados.

Panorama global

Atualmente, metade das pessoas deslocadas à força do mundo tem menos de 18 anos. No entanto, muitos países os excluem de seus sistemas educacionais. Crianças em busca de asilo em detenção em países como Austrália, Hungria, Indonésia, Malásia e México recebem acesso limitado à educação, quando há. Refugiados em Bangladesh, Tanzânia e afegãos no Paquistão só podem estudar em escolas separadas, não-formais, comunitárias ou privadas, algumas das quais não são certificadas.

Alguns desses países anfitriões não oferecem aos alunos imigrantes aulas de idioma para alcançar a integração social e adquirir boas perspectivas de emprego. O Quênia, por exemplo, permite que eles se beneficiem de seu currículo educacional nacional, porém o confinamento dessa população em campos impede sua interação com os demais quenianos.

O Líbano e a Jordânia, anfitriões do maior número de refugiados per capita, não dispõem dos recursos necessários para construir mais escolas. Assim, separam essas crianças por turnos escolares. Por outro lado, houve investimentos consideráveis feitos por países como Ruanda e a República Islâmica do Irã para garantir que esses grupos frequentem a escola lado a lado com os nacionais. A Turquia se comprometeu a incluir todos em seu sistema nacional de educação até 2020, assim como sete países da África Oriental.

Já entre as conquistas e deficiências presentes nos últimos anos, a publicação lembrou que houve progresso na inclusão de refugiados nos sistemas nacionais de educação, como visto em oito dos dez principais países anfitriões. Os campeões incluem países de baixa renda, como o Chade, Etiópia e Uganda. O Canadá e a Irlanda estão entre os líderes globais na implementação de políticas de educação inclusiva para imigrantes.

Atualizada em 22/11/18 às 16h25.

Crédito da imagem: RadekProcyk – iStock

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