Uma postagem no blog de John Warner, no Inside Higher Ed (13/10/2017), repercute a declaração da vice-presidente da plataforma de curso online Udacity de que os “MOOCs estão mortos” e pergunta: qual a próxima “aposta” (ou “ilusão”, para os céticos) em termos de “produto” que provoque transformação na área educativa? Já houve muitas, como mostra a linha do tempo, de quase dois séculos, de “máquinas de ensinar”, citada no artigo.

Antes de dizer qual é o candidato de Warner, vale a pena discutir mais o que significa a “morte dos MOOCs”. Nos comentários da postagem, há uma série de reflexões interessantes, pró e contra essa ideia, entre elas, o posicionamento mais detalhado do próprio autor do blog.
Ele explica melhor o que entende, após um participante desse debate virtual notar que, embora o Udacity tenha insucessos, outras plataformas de MOOCs (como o EdX e Coursera) têm crescido; cursos MOOCs continuam a ser oferecidos em nível de graduação e, mesmo, como pré-requisito em programas de mestrado. Porém, segundo Warner, apesar de que, de fato, a “morte” do formato remeta ao Udacity e à declaração da matéria, a aposta de que os MOOCs fossem verdadeiramente abertos, representando uma disruptura na educação não se concretizou.
É difícil não concordar com esse diagnóstico. A “febre” da alta expectativa em relação aos MOOCs passou. Mas talvez isso não seja de todo ruim para a ideia de cursos abertos online. Como comenta outra pessoa, as perspectivas de “hype” e de “morte” dos MOOCs são apenas dois pontos, igualmente extremos, da mesma narrativa, e o que talvez tenha claramente desaparecido, ao menos por enquanto, sejam as tentativas de dotar os MOOCs de marcas comerciais e de monetarizar o conceito, em busca de lucros, esses sim, “massivos”. Os MOOCs continuam a ser úteis, como observa outra comentarista da postagem, como possibilidade de se disponibilizar conteúdo educativo relevante num formato acessível.
É possível notar, também, que há uma variedade de raízes e propostas que se relacionam aos cursos massivos on, e talvez o atual refluxo desses cursos seja uma oportunidade para que outras propostas e reflexões sobre o formato, menos preocupadas com o retorno financeiro que ele possa propiciar, ganhem visibilidade. Provavelmente, o que “morreu” foi a ideia, irrealista desde o início, de que os MOOCs substituíram amplamente a educação superior tradicional.
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Warner identifica na “aprendizagem personalizada” (personalized learning) associada aos chamados “softwares adaptativos” – e podemos dizer também ao uso da Inteligência Artificial – na educação um forte candidato a novo “produto revolucionário” na área. Na próxima coluna apresentarei essa discussão.

O Instituto Claro abre espaço para seus colunistas expressarem livremente suas opiniões. O conteúdo de seus artigos não necessariamente reflete o posicionamento do Instituto Claro sobre os assuntos tratados.

Autor Richard Romancini

Richard é doutor em Comunicação, pesquisador e professor do curso de pós-graduação lato-sensu em Educomunicação da ECA-USP.

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