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“Poemas negros” é o nono livro do alagoano Jorge de Lima. O tema da obra é a realidade africana no Brasil e a vida nas regiões Norte e Nordeste do país. Para o professor do Cursinho da Poli e mestre em teoria literária e literatura comparada pela USP, Murilo Gonçalves, ouvido pelo Instituto Claro, há características que permitem enquadrar a publicação na segunda fase modernista, como o fato de os versos terem sido escritos entre 1927 e 1940 e também por causa do conteúdo do texto.

“Enquanto a primeira geração tratava o atraso brasileiro de forma amena e trazia uma preocupação com a estética, a segunda geração traz uma consciência maior desse contexto e aborda os grupos desfavorecidos da população.”

O livro traça uma espécie de história do negro no Brasil e aponta a presença de referências africanas em nossa cultura. Segundo Gonçalves, um mínimo conhecimento de “Casa-grande & Senzala” auxilia na compreensão da abordagem dada por Jorge de Lima a seus versos, fato que é destacado pelo professor ao apontar que na primeira edição de “Poemas Negros”, que é de 1947, o prefácio foi escrito por Gilberto Freyre. “Entender esta relação faz com que se compreenda porque, no livro, um indivíduo mulato tem mais privilégios do que um negro de origem, como no texto em que um mulato aparece como cabo militar. Ou seja, em uma posição de comando, ainda que de nível intermediário”, salienta.

Outro contexto considerado importante pelo professor é o movimento Harlem Renaissance, que marcou os Estados Unidos na década de 1920, pela valorização da cultura negra. “É a partir deste cenário, que se espalha pelos anos 1920, 30 e 40 nas américas, que passa a haver um maior interesse em questões artísticas que descrevam os indivíduos negros”, explica.

Para o professor Murilo Gonçalves, entender sobre o movimento Harlem Renaissance e ter noção de “Casa-grande & Senzala” facilitam compreensão de “Poemas Negros” (Crédito: Marcelo Abud)

 

Créditos:
As músicas utilizadas na edição do áudio, por ordem de entrada, são: a versão musicada do poema Nega Fulô, de Jorge de Lima, com Rogério Dias e Fagner Dubrown; e “Ponteio” e “Sina do sertão”, compostas por Chico César, Beto Lemos e Alfredo del Pinho para a trilha sonora da peça “Suassuna: o auto do reino do Sol”.

Crédito da imagem: print da capa do livro “Poemas negros”

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