Atividades lúdicas são uma boa pedida para engajar estudantes obesos nas aulas de educação física. Essa é a opinião do endocrinologista do Departamento de Atividade Física da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Fábio Moura.

“As brincadeiras que estimulam a imaginação e ainda trabalham aspectos físicos ajudam esse aluno a não ver exercícios propostos pelo docente como algo pesado e a ter vontade de participar”, explica.

Na hora de propor atividades, é preciso evitar aquelas que exigem mais das articulações e dos tendões dos estudantes obesos. “Isso porque, com sobrepeso ou obesidade, ele já apresenta uma sobrecarga natural”, alerta a professora do curso de educação física da Unopar de Arapongas (PR), Walquiria Batista de Andrade.

“Além disso, a criança não tem a musculatura totalmente desenvolvida e pode haver sobrecarga dessa região também por conta do peso, dependendo do exercício”, acrescenta o médico.

Em pesquisa de 2008, o educador físico Diego Gaspar identificou baixa interação dos alunos  obesos com os colegas nas aulas da disciplina, assim como pouca motivação para os exercícios propostos. A causa era o fato deles não acompanharem as velocidades propostas, sendo excluídos pelos colegas.

“Outro ponto é a motricidade desse grupo, que tende a ser menor, provocando movimentos com pouca precisão e perda de velocidade”, diz o médico. “O educador deve entender e respeitar os limites do aluno”, orienta.

Para completar, Andrade lembra da necessidade de promover intervenções para prevenir ou combater o bullying contra essa população, como a adoção de jogos cooperativos.

Família deve ser orientada

São considerados obesos crianças e jovens que possuem o índice de massa corporal (IMC) alto para a sua idade. O indicador é calculado a partir da relação do peso com a altura do estudante. A Abeso oferece uma calculadora online para orientar pais e professores.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade atinge crianças e jovens no Brasil mais do que a média mundial. No planeta, a instituição aponta que 5,6% das garotas e 7,8% dos garotos estão obesos. Já no país, os dados são: 12,7% dos meninos e 9,4% das meninas (2017).

“O fenômeno é causado por uma alimentação rica em produtos processados e carboidratos, como pães e açúcar, aliada ao sedentarismo, que é cada vez maior nessa faixa etária”, analisa o médico.

Segundo Andrade, o professor de educação física também pode orientar a família sobre a necessidade de melhores hábitos alimentares e da prática de exercícios fora do horário escolar.

“A recomendação mínima de atividade física com o objetivo de emagrecimento é de pelo menos 300 minutos semanais, segundo a OMS”, explica. “As aulas de educação física estão presentes apenas duas vezes na semana e duram aproximadamente de 40 a 45 minutos”, alerta.

O docente ainda deve ficar atento ao fato de que alunos obesos são mais dispostas a alterações metabólicas, na pressão arterial e a diabetes do tipo 2.

“Dependendo do grau, pode haver um quadro de problemas cardiovasculares, que deixa a criança contraindicada para determinadas atividades físicas”, explica Moura.  “Assim, também é recomendado orientar os pais sobre a necessidade de uma avaliação médica”, pontua.

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Crédito da imagem: kwanchaichaiudom – iStock

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