Durante o ensino médio, Carlla Vicna, de 19 anos, participou da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Seu bom desempenho lhe garantiu não apenas medalhas, mas a possibilidade de conhecer de perto o programa espacial brasileiro e o astronauta Marcos Pontes. “Essa experiência foi tão transformadora que fiquei com vontade de ajudar outros alunos a alcançar seus sonhos também”, relembra.

Em 2015, aos 16 anos, Vicna foi aprovada no curso de engenharia da computação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Foi quando se reuniu com outros amigos medalhistas para elaborar um curso preparatório para a OBA na sua antiga escola. A iniciativa deu tão certo que eles fundaram o Projeto Cosmos, com a missão de ensinar astronomia nas escolas públicas de Manaus, no Amazonas.

Carlla Vicna sorri e faz pose para foto. Ela segura um troféu
A universitária Carlla Vicna é uma das fundadoras do projeto. “Multidisciplinaridade da astronomia é encantadora (crédito: divulgação)

 

“A astronomia é pouco abordada no ensino básico, o que consideramos um desperdício, já que ensina sobre o mundo a nossa volta, e tem a capacidade de despertar interesse pela ciência de uma forma encantadora”, defende. “Fazemos isso por meio de cursos e oficinas ensinando desde o sistema solar, constelações e formação do universo até foguetes e satélites”, lista.

Conteúdo multidisplinar

Para ensinar astronomia, o grupo também intercala o tema com outras disciplinas do currículo escolar. “Não dá para falar de astronomia sem citar fundamentos da matemática, física, química, biologia e geografia”, explica. “Quando a aula é sobre foguetes, citamos a gravidade ou as leis de Newton. Quando falamos da formação das estrelas, inevitavelmente abordaremos átomos, elementos químicos, energia e calor. Já ao explicar sobre o movimento de translação e rotação da Terra, e sobre a inclinação do nosso eixo de rotação, nos vemos falando sobre estações do ano, coordenadas geográficas, fuso horários, calendário etc.”, destaca.

Na foto, integrantes do Projeto Cosmos fazem pose para foto. Os jovens seguram algumas miniaturas de foguetes.
A universitária Carlla Vicna é uma das fundadoras do projeto. “Multidisciplinaridade da astronomia é encantadora (crédito: divulgação)

 

As aulas de astronomia são direcionadas aos alunos dos ensinos fundamental e médio, contando com atividades práticas e linguagem adaptada ao público de cada etapa. O projeto também se adapta às necessidades de cada escola, podendo ocorrer no contraturno ou em conjunto com os professores da instituição, nas aulas regulares.

“Geralmente, ocorre um alinhamento do nosso conteúdo em relação ao do professor. São os educadores de física, matemática, química ou ciências para o fundamental que nos procuram”, revela.

“Mais do que compartilhar conteúdo, queremos despertar no aluno o interesse pela ciência, incentivá-lo a ter uma atitude indagadora e questionadora sobre o mundo a sua volta e, principalmente, uma atitude proativa de busca por conhecimento”, aponta.

Novas descobertas

Ao longo de sua trajetória, o Projeto Cosmos já realizou atividades em sete escolas diferentes. Atualmente, atua no Centro de Educação em Tempo Integral (CETI) Sérgio Pessoa, no bairro Jorge Teixeira, em Manaus. “Também temos atividades abertas à comunidade, em que alunos de diferentes instituições de ensino, inclusive privadas, podem participar”, pontua.

Amanda Letícia, 14, está no 8° ano e decidiu se envolver com o Cosmos para “descobrir coisas novas”. “Aprendi principalmente sobre as estrelas, universo, planetas e foguetes”, revela. Já Luciano Alfaia de Oliveira, de 16 anos, está no 3° ano do ensino médio e optou pelas aulas para se preparar para a prova da OBA. “Porém, fui criando uma paixão pela astronomia, sua história e suas faces. Aprendi que não posso me limitar apenas ao que já sei, porque existe, literalmente, um universo infinito de coisas que ainda não foram descobertas”, ressalta. Segundo ainda o estudante, a astronomia o auxiliou no aprendizado de outras disciplinas. “Ajudou a expandir o pensamento para física e matemática”, garante.

Qualquer escola ou professor que tenha interesse pelo projeto pode entrar em contato por meio da página de Facebook. Além disso, o grupo também realiza ações sociais em comunidades carentes e abrigos infantis, levando astronomia na forma de brincadeiras e jogos para crianças.

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