Os governos perdem anualmente US$129 bilhões do que investem na educação no mundo. O montante corresponde a 250 milhões de crianças que não estão aprendendo sequer o básico, ocasionando o desperdício. A ineficiência dos gastos é um dos fatores que acarretam na aprendizagem. O alerta está no 11º relatório Educação Para Todos, lançado pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco), nesta quarta-feira (29/1), no Brasil e na Etiópia..

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Criado para monitorar seis metas de educação até 2015 – limite máximo para serem atingidas, conforme estabelecido por 164 países no Fórum Mundial de Educação de Dakar, em 2000 –, o relatório traz uma atualização do progresso no cumprimento dos objetivos. No entanto, esta edição conta com a novidade do item financiamento para o alcance em âmbito global.
 
Intitulado “Ensinar e aprender: alcançar a qualidade para todos” (veja visão geral do relatório 2013-2014, em português), o documento aponta que “a crise na aprendizagem vai afetar gerações de crianças se não for dado um impulso à educação”, principalmente nos países mais desfavorecidos.
 
A coordenadora de Educação da Representação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, explica o que a instituição considera como a crise na aprendizagem: “Hoje, em 2014, já sabemos que muitos países não alcançarão as metas justamente por falta de investimento. Há um déficit no setor da educação e para poder evoluir e até aprimorar as metas depois de 2015, temos que aumentar a contribuição dos governos. Ter um compromisso maior, com foco nos grupos em desvantagem”.
 
Segundo ela, um país deveria investir no mínimo 6% do seu Produto Interno Bruto (PIB) na educação. Porém, daqueles monitorados pela Unesco, apenas 41% gastam esse indicado ou mais. Também, seria necessário canalizar pelo menos 20% de doações externas para o campo do ensino, preferencialmente à educação básica. “Agora, há ainda o lado da gestão dos recursos que deve ser destacado. Eles têm de ser aplicados, mas devem ser bem aplicados. Precisa de reforma para aumentar a eficiência que poderia cobrir 56% do déficit de US$ 129 bi”, completa.
 
Para Rebeca, é o caso do Brasil que aplica 5,9%, mas ainda tem uma gestão ineficiente dos gastos. “Temos muitos programas, mas precisam ser bem gerenciados junto a estados e municípios. O país é grande e torna-se complexa essa gestão. Se perguntado, para um secretário, por exemplo, ele vai falar que não tem dinheiro para educação infantil. Mas você constata que existe uma faculdade municipal na cidade, sendo que o governo federal é o responsável pelo ensino superior. Precisa de prioridades e saber trabalhar com os recursos.”
 
A estimativa é de que 10% da despesa global gasta com educação primária é desperdiçada pela má qualidade do ensino, que não garante que os alunos aprendam. De acordo com o relatório, 250 milhões de crianças em todo o mundo não estão adquirindo o conhecimento básico necessário. Nos países pobres, uma em cada quatro crianças não é capaz de ler uma frase completa.
 
Das 650 milhões de crianças na educação primária, 250 milhões não conseguem aprender o básico.
Dessas, 120milhões não completam quatro anos de aprendizado (Crédito: Unesco)
 
 
A Unesco ainda destaca, nesta quarta, durante o evento de lançamento, a importância da educação como elemento para transformar vidas e alavancar o crescimento de um país. O documento ressalta que ofertar educação de qualidade pode oferecer grandes recompensas financeiras e aumentar o PIB per capita do país 23% em 40 anos. Para avançar nesse sentido, a recomendação é olhar para o professor como elemento chave.
 
Veja os seis objetivos aprovados durante a Conferência de Dakar a serem alcançados até 2015:
 
1- Cuidados na primeira infância e educação
2- Educação primária universal
3- Habilidades para jovens e adultos
4- Alfabetização de adultos
5- Paridade e igualdade de gênero
6- Qualidade da educação 

Atualizada às 17h15 do dia 29 de janeiro de 2014

 

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