Educar não é tarefa fácil. Terceirizar a função, menos ainda. Imagine que a escola além de promover a alfabetização, inicia a socialização das crianças e, por consequência, molda a personalidade delas. Portanto, é imprescindível escolher adequadamente a instituição responsável pela vida escolar de seu filho. Para isso, observe atentamente: o modelo de atuação pedagógica adotado, o próprio espaço físico disponível, e proposta financeira, de maneira a não comprometer o orçamento familiar de maneira inadequada. Essas e outras dicas você acompanha nesta reportagem.

Metodologia de ensino

Para Maria Márcia Sigrist Malavasi, coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, a primeira coisa que deve ser levada em conta é o projeto pedagógico do local, um documento público que todos os colégios devem possuir. A profissional destaca que algumas escolas são mais tradicionais e severas no trato com os alunos, se preocupando com a rápida alfabetização, com o mercado de trabalho, sendo, assim, menos democráticas. Outras possuem uma linha mais construtivista, que transita entre as várias áreas do conhecimento e busca desenvolver habilidades variadas nos jovens. “Não existe a certa ou a errada. O que os pais precisam ver é qual delas é mais compatível com seu projeto familiar, e se coincidem com o seu ideal de formação de indivíduo e concepção de sociedade”, afirma Malavasi.

Tal checagem, no entanto, não deve ocorrer somente no momento da matrícula. É importante acompanhar se a instituição está atendendo às expectativas que gerou. Foi o que fez Elisa Dantas ao optar pela colégio de sua filha. “Conheci uma escola que possuía um discurso que não se sustentava no dia a dia. Enxergava mais uma estratégia de marketing. Falava-se em sustentabilidade e nem sequer os livros adotados podiam ser reaproveitados, pois continham campos para ser preenchidos”, relembra.

Os pais também devem estar atentos à metodologia de alfabetização. Algumas escolas estipulam uma idade para que todos os alunos saibam ler e escrever – 6 anos, por exemplo –, implementando reforço para os que encontram dificuldades; outras esperam pelo momento em que a criança se mostra mais apta para dar esse passo.

Checar a quantidade de alunos por sala também é fundamental. Segundo Maria Márcia, na educação infantil, o número deve ficar entre seis a oito crianças. Após esse período, as turmas não devem conter mais do que 25 pessoas. “Isso porque pode haver  um distanciamento do professor; ou seja, ele deixa de mediar relações e não consegue desenvolver companheirismo ou mesmo acompanhar a evolução dos jovens”, atesta.

O espaço

Os recursos materiais também precisam ser observados. Os pais não devem aceitar salas muito pequenas, sem iluminação adequada ou mal ventiladas, ou mesmo escolas que não possuam bibliotecas e salas de informática. A dica é levar a criança ao espaço e checar a sua opinião, verificando como se dá a interação com o local.  “A escola precisa ser um local agradável. Deve ter pátio, jardim, teatro, laboratório, sala de música, de artes. Todos esses itens são muito importantes”, acrescenta a coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp.

A funcionária pública Maria Rita Rebello, mãe de uma aluna de 2 anos, observa detalhadamente as dependências da escola no momento de procura. “Minha filha estudou dos 3 meses aos 2 anos de idade em um único colégio; chamaram a minha atenção os ambientes ensolarados e ao ar livre”, declara a mãe que decidiu mudar a filha de colégio por preferir uma instituição mais reconhecida.

A segurança da escola também deve ser observada. Maria Márcia Sigrist Malavasi só pontua que as escolas não são como ilhas. “Estão sujeitas aos mesmos problemas recorrentes na sociedade, como os assaltos, por exemplo”. Por isso, a importância de verificar os procedimentos de segurança adotados, como presença de vigias e funcionários atentos, que não permitam a saída de crianças do local sem o acompanhamento de responsáveis.

Cabendo no bolso

A escola só é, de fato, ideal aos filhos se couber no bolso dos pais. “A questão é que quando o assunto é educação, os familiares sempre estão dispostos a fazer sacrifícios”, explica José Vieira Dutra Sobrinho, vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil. A dica é montar uma orçamento que detalhe todas as despesas da família. “No caso de redução de custos, procure uma escola pública ou opte por cortar algo do consumo ou do lazer que viabilize o pagamento da instituição particular”, recomenda o profissional.

O ideal é montar um planejamento a longo prazo levando em consideração o aumento das despesas escolares, conforme o avanço nos estudos. Uma opção para reduzir os custos é procurar a diretoria da instituição e tentar o requerimento por uma bolsa de estudos parcial. Na hora de firmar o contrato, atenção ao critério de reajuste de mensalidade adotado pela instituição, para evitar sustos e a possível interrupção dos estudos.

“As escolas vêm aumentando acima da inflação, e consideram poucas facilidades aos familiares, como no caso das bolsas de estudo. A situação é complicada porque matricular o filho numa escola é um projeto a longo prazo, não é como decidir sair para jantar fora”, afirma Elisa.

José Vieira Dutra Sobrinho explica que isso acontece porque nem sempre os critérios de reajuste se baseiam em índices como IGP-M e IPCA. “Algumas vezes ele é mais subjetivo. Então é bom verificar de quanto foi a alta nos último três anos, para que se possa ter uma base. E não se pode esquecer de incluir nessas contas os gastos com uniforme, material escolar, cantina e transporte”, argumenta.

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