Diversas dúvidas e desafios surgiram no percurso da Escola de Ensino Fundamental Mont’ Alverne, em Ituporanga (SC), na busca por uma gestão mais democrática. Desde 2015, a diretora Viviane Rosa Bennert promove assembleias com pais para discutir questões estruturais da instituição de ensino. Além disso, ela ampliou o horário de atendimento a esse público, apoiou o grêmio estudantil e começou a considerar as críticas e sugestões de todos. As iniciativas lhe renderam o Prêmio Gestão Escolar 2017.

Para inspirar outros educadores sobre como engajar pais, alunos e funcionários em decisões administrativas e pedagógicas, Bennert compartilhou alguns dos seus aprendizados.

Engajamento vem aos poucos

Quando assumiu a direção da EEF Mont’ Alverne, Bennert se deparou com inúmeros problemas estruturais. O prédio datava de 1948 e necessitava de reforma nos forros, banheiros, pintura, parte elétrica e havia infestação de cupins. A equipe, então, mapeou a situação e apresentou aos pais em uma assembleia. Estes, por sua vez, decidiram se mobilizar. “Um dia uma mãe que era costureira me procurou querendo ajudar na escola. Depois veio um pai que era pintor e outro eletricista. O que percebemos é que a preocupação com a parte física da escola foi o primeiro passo. Isso gerou um sentimento de pertencimento e eles começaram a se preocupar com o processo de ensino e aprendizagem também”, conta.

Estranhamento é natural

A profissional confessa que a presença mais frequente e a participação dos pais na escola causaram estranheza no início. “Sentíamos que estávamos perdendo a nossa identidade. Mas depois percebemos que, por não haver esse engajamento antes, não tínhamos realmente uma identidade. Ela começou a ser construída ali”, pontua.

Mudança provoca resistência

Segundo a diretora, novas propostas podem provocar resistência. “É comum ouvir ‘mas isso sempre foi assim’, ‘por que mudar’?'”, relata. “Contudo, conforme bons resultados são apresentados, as resistências costumam diminuir”, orienta.

Toda mudança reverbera

Ela conta que ouviu de um aluno repetente, que estava no sétimo ano, o motivo de ter começado a participar das atividades na escola. “Ele disse: ‘eu percebi que a escola, os professores e meus amigos mudaram. Decidi mudar também'”, conta. “Achei essa frase muito simbólica. Ao final, ele continuou na escola mesmo quando a família mudou de município. Acordava de madrugada para pegar o ônibus intermunicipal e finalizar o fundamental conosco”, comemora.

É preciso não apenas ouvir sugestões, mas considerá-las

Para a diretora, é fundamental ponderar e acatar as opiniões de pais, alunos e funcionários para aumentar a sensação de pertencimento. “O grêmio estudantil, por exemplo, veio com uma demanda de que não havia locais de lazer para os alunos praticarem esportes nos finais de semana. Junto a eles, fizemos alguns eventos”, exemplifica.

Grêmio estudantil é parceiro

Bennert conta que não se deu conta da importância do grêmio estudantil quando ele começou. “Aos poucos, eles foram trazendo sugestões e assumindo atividades na escola”, relembra. Além de atuarem como representantes dos alunos em momentos de decisão, seus membros exercem uma atividade de monitoramento dos intervalos e acompanhamento das crianças em séries menores.

Veja mais:
Exemplo de gestão democrática, escola municipal de SP realiza assembleias com alunos
Escola em Guarulhos usa conselho de alunos para tomar decisões pedagógicas e administrativas
Crianças exercem protagonismo ao atuarem como diretoras por um dia
Livro reúne casos de gestão democrática em diversos contextos escolares

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