Fernando Haddad é o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à presidência da República. Atualmente professor da Universidade de São Paulo (USP), já foi ministro da educação e prefeito de São Paulo. Durante sua gestão como ministro, criou o Programa Universidade para Todos (ProUni). No campo da educação, Haddad se apoia nas iniciativas realizadas por Luiz Inácio Lula da Silva quando presidente, como a expansão do número de matrículas com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federal (Reuni).

O Instituto Claro realizou entrevistas com todos os presidenciáveis das eleições 2018, ou representantes indicados, para saber quais são suas propostas para a área da educação, e ainda a opinião dos candidatos ao pleito eleitoral sobre questões específicas relacionadas ao ensino que estão em debate.

Respondeu sobre educação em nome de Haddad a ex-secretária de educação da Prefeitura de Santo André, Selma Rocha, uma das coordenadoras do plano de governo do candidato para a área. A educadora concedeu entrevista exclusiva. Além disso, Selma também indicou a posição de seu candidato em um debate sobre as principais propostas para a educação dos presidenciáveis, realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo (SP), no dia 22 de agosto de 2018. Acompanhe:

Principais propostas

– Implementar a educação integral na educação infantil. Ainda, melhorar a qualidade, seja pela ampliação da oferta pública, seja qualificando as parcerias que já existem, a partir de um acompanhamento envolvendo as universidades públicas;
– Garantir ensino fundamental com educação integral, o que exige formação científica sólida no campo das humanidades, associada à língua portuguesa e matemática. Também, envolve tanto a formação de professores quanto uma nova reflexão sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que esteja mais próxima das diretrizes curriculares discutidas no governo Lula e Dilma;
– Atrair os jovens que estão fora da escola e retomar o apreço pelo conhecimento, associado à geração de emprego para essa faixa etária, focando em política para a juventude que envolve o ensino médio;
– A partir de convênio com governos estaduais, assegurar aporte de recursos financeiros e técnicos para escolas em regiões de maior vulnerabilidade social. Investir no ensino médio apoiando os estados, mas também no ambiente do Sistema Nacional de Educação, tendo como referência o PNE e o desenvolvimento curricular integral. Que os estudantes possam acessar o conhecimento científico e as humanidades para se tornarem capazes de se situarem no mundo de forma crítica e cidadã.

Qual é a opinião de Haddad sobre:

– Plano Nacional de Educação (PNE)
“É necessário retomar o Plano Nacional de educação (PNE) como centro das políticas de Estado no Brasil.”

– Reforma do ensino médio
“Revogá-la. Temos um problema claro: o aluno do ensino médio precisa trabalhar para continuar na escola. Os itinerários formativos diluem o conhecimento científico e obrigam o jovem a optar pelo profissionalizante para poder sobreviver. Na atual circunstância de desemprego, a reforma vende a falsa ideia que gera emprego. O que gera emprego são políticas de emprego.

Está ocorrendo uma mudança na perspectiva do trabalho, que exige do jovem conhecimentos científicos e tecnológicos. A reforma do ensino médio, da maneira que está, cria um exército de reserva, mal formado e efetivamente excluído do mercado de trabalho e do acesso à educação. Forma uma mão de obra barata, de baixo nível intelectual e vulnerável às flutuações de mercado. É preciso uma qualificação profissional aliada a uma formação geral, um currículo com núcleo forte científico, tendo como exemplo os institutos federais. Do jeito que foi pensada, virou um mecanismo de contenção ao ensino superior sem que o aluno tenha acesso a uma educação de qualidade.”

– Lei do Teto dos Gastos Públicos (Emenda Constitucional 95/2016)
“Revogar a Emenda Constitucional 95 para retomar o PNE. É necessário retomar os recursos do Pré-Sal para educação. Mas isso não resolve tudo. Tem que ampliar para 10% os recursos do Produto Interno Bruto (PIB) destinados para a área e realizar uma reforma tributária para que os mais ricos paguem mais impostos. Atualmente, nossa carga tributária é extremamente injusta. Isso dará condições para financiar um estado digno das necessidades do povo para a educação.”

– Escola Sem Partido
“O Escola Sem Partido transforma os professores em inimigos internos. Ele fala de um inimigo difuso: não há estudos que mostram o problema que eles apontam, não existe lugar, tempo e nem objeto. Criou-se um inimigo difuso para combater, na verdade, a liberdade de reflexão nas escolas. Queremos uma escola que desenvolva a capacidade crítica, as humanidades, arte e filosofia. O único instrumento ideológico é esse projeto do Escola sem Partido, que persegue quem não compartilha do seu pensamento. Não iremos concordar com isso em pleno século 21.”

– Debate sobre orientação sexual e gênero na BNCC
“Nós defendemos um trabalho na perspectiva da educação para os direitos humanos. Não podemos aceitar em nenhuma escola brasileira constrangimento, violência e preconceito em função de gênero, orientação sexual ou raça.”

Leia o plano de governo do candidato Haddad na íntegra

Veja as propostas para a educação de todos os candidatos à presidência nas eleições 2018 aqui

Crédito da imagem: Ricardo Stuckert

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