As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) podem ser parceiras importantes no processo de ensino e aprendizagem. Contudo, seu uso em prol do conhecimento escolar ainda está apoiado em mitos, como aponta o pós-doutor em Filosofia da Educação na área de Tecnologias da Educação, Fernando José de Almeida. Ele foi um dos convidados de um debate sobre Educação e Cultura Digital promovido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), em São Paulo, no dia 23 de novembro de 2017.

“Devemos usar a tecnologia em ambiente escolar porque ela contribui com o conhecimento, não por ela ser inevitável, um caminho sem volta. O mesmo vale quando justificam o seu uso por ela ser facilitadora ou motivadora. O professor não está lá para facilitar e nem a aprendizagem é um fast-food sem paladar”, compara. “Além disso, depois de motivado, chega a hora deste aluno finalmente aprender. Caso contrário, ele só será motivado e ponto final. O processo de aprendizagem não ocorre”, desmistifica.

Segundo Almeida, a internet não foi necessariamente criada visando o conhecimento escolar. Porém, quando apropriada por professores, torna-se uma ferramenta importante.

“Primeiramente, a internet ajuda o aluno a se espantar e se encantar com o conhecimento. Ela não é a única a fazer isso, mas traz esse encantamento de maneira mais ampla”, sugere. “Ela contribui quando gera no aluno o sentimento de indignação frente à realidade posta, quando o leva a pensar que a sociedade pode ser diferente. Na sequência, conteúdos de Geografia, História ou Sociologia o ajudam a contextualizar essa realidade e a pensar em soluções para ela”, descreve. “Para completar, a internet permite uma maior interdisciplinaridade e ajuda o aluno a se expressar e registrar sua visão de mundo”.

Incorporação no currículo

A importância de currículo que envolva a tecnologia no processo de aprendizagem também foi lembrada pela coordenadora da pesquisa TIC Educação 2016, Leila Ianone. Para a professora, apenas a infraestrutura e o acesso à tecnologia não transformam a Educação, mas sim professores e alunos preparados para o seu uso. “É necessário um currículo que insira a tecnologia na aprendizagem e não a veja somente como uma ferramenta para usar em atividades isoladas. Que essa tecnologia ajude os alunos a vivenciarem processo colaborativos”, destaca.

Opinião semelhante possui Almeida, que citou a incorporação das metas da Organização das Nações Unidas (ONU) voltadas a uma educação para o Desenvolvimento Sustentável no currículo da cidade de São Paulo. “O Desenvolvimento Sustentável, como uma diretriz, dá sentido ao uso da tecnologia em sala de aula, não o inverso. A tecnologia é utilizada em um determinado contexto”, afirma.

Ainda em relação à Cultura Digital na escola, o professor no Centro de Políticas Comparadas em Educação na Universidade Diego Portales (Chile), Ignacio Jara, lembrou sobre o desnível do uso da tecnologia pelo estudante dentro e fora da escola.

“O fato é que há uma mudança constante ao redor da escola e na forma de vida deste estudante. A escola se sente pressionada e os professores acham que há elementos que não conseguem alcançar”, explica. “Nesse sentido, é preciso usar menos telescópios e mais microscópios para criar uma experiência de aprendizagem coerente com esse contexto”, decreta.

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