Os alunos brasileiros ainda vão mal em matemática. Os últimos dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa)  prova realizada a cada três anos em 65 países  trouxeram o Brasil na 58ª posição. Apesar de ter havido melhora entre os anos de 2003 e 2012, quando a média de desempenho saltou de 356 para 391 pontos, o país continua ocupando umas das últimas posições do ranking. Mas, qual seria a origem do medo que os alunos possuem da matemática?

“Pode ter uma questão social de saberem por irmãos, parentes e até os próprios professores que ‘matemática é difícil’ e então ficarem receosos”, opina a coordenadora do Grupo Mathema, Katia Stocco Smole, que pesquisa e desenvolve métodos pedagógicos para o ensino da matemática. “Porém, o que temos visto é que a matemática da escola desperta receio nos alunos, não a matemática que ele usa no dia a adia. Os dados atuais mostram que muitos alunos passam pela escola básica e saem sem saber. Ninguém pode gostar daquilo que não compreende, não é mesmo?”, questiona.

Para o coordenador de projetos da Fundação Lemann, Lucas Machado Rocha, o atual ensino também é responsável por afastar os alunos da disciplina. “Para que se aprenda algo, o conteúdo deve estar contextualizado, ou seja, fazer sentido na vida do aluno. Quando o aluno começa a estudar é submetido aos problemas de contagem com situações próximas do seu dia a dia, mas quando o conteúdo evolui, como em equações, por exemplo, muitas vezes ele aprende de forma sistemática e fundamentada no conteúdo, não permitindo se apropriar do assunto”, pontua.

Movidos a desafios

Tornar o ensino da matemática mais atraente. Para isso, sairiam de cena as aulas expositivas, baseadas em regras e técnicas, e ganhariam destaque recursos como jogos, games, histórias e, claro, problemas. “As crianças e jovens não aprendem somente ouvindo e fazendo coisas repetitivas, mas pensando, sendo desafiados e criando. É preciso espaço para investigar, experimentar, tentar, errar, levantar e checar hipóteses. Os desafios movem os matemáticos e deveriam mover as aulas de matemática também”, resume Kátia.

Desde 2014, a Fundação Lemann passou a traduzir para o português a Khan Academy  – site criado pelo educador americano Salman Khan que oferece videoaulas e 300 mil exercícios gratuitos. “O aluno estuda em um processo gamificado, com avatar, ganhando pontos e evoluindo conforme aprende”, descreve Rocha.

A instituição ainda oferece formação para professores das escolas públicas sobre como usar a ferramenta e desenvolveu um aplicativo com os conteúdos da plataforma para celulares e tablets.  “A terceira edição da TIC Kids Online Brasil, por exemplo, mostrou que 82% das crianças e adolescentes afirmaram usar a internet pelo celular. Em 2013, essa proporção era de 53%”, lembra Rocha.

Em longo prazo, a experiência de aprender matemática proporciona aos alunos mais do que a capacidade de fazer contas. “O raciocínio que se desenvolve ao resolver problemas, ao investigar um tema matemático, ao aprender álgebra nos amplia a capacidade de decidir, de julgar e de avaliar possibilidades. Para aprender a tomar boas decisões e exercer melhor a cidadania, é preciso saber matemática”, aponta Katia.

Veja mais: 
– Aprendizagem personalizada de matemática
Plano de aula: a matemática nas eleições

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