O tema da morte pode aparecer na sala de aula em diversas situações, como quando o aluno perde um ente querido ou nas conversas dos estudantes sobre algum caso de falecimento divulgado na mídia. “Ainda podem surgir nas perguntas, já que os menores são curiosos a respeito do início e do fim da vida”, explica a psicóloga Jaqueline Maria Conrad.

Dependendo da idade, a criança pode apresentar compreensões diferentes sobre os principais conceitos acerca da temática. “Em linhas gerais, ela compreende a irreversibilidade: que a morte é irreversível, ou seja, quem morreu não voltará a viver; a funcionalidade: o fato que o corpo não tem mais nenhuma função; e a universalidade, que tudo que é vivo um dia irá morrer”, destaca.

Conversar sobre o assunto com as crianças faz com que elas entendam que isso faz parte da vida e é algo que, mais cedo ou mais tarde, será vivenciado. “É necessário abordar o tema não só depois de uma perda. Quanto maior conhecimento ela tiver sobre, de forma mais saudável irá elaborar o luto posteriormente”, justifica.

Segundo Conrad, as perdas farão parte da vida da criança ao longo de todo o seu desenvolvimento. “Sejam reais, de pessoas queridas ou animais de estimação que faleceram, ou as consideradas simbólicas, um brinquedo que perdeu ou quebrou”, contextualiza.

Questão cultural

A literatura é um recurso potente para introduzir o tema da morte com os alunos e auxilia na elaboração do luto. Para os primeiros anos do ensino fundamental, Conrad e a também psicóloga Suzana Schwertner recomendam o uso de dois livros presentes no acervo do Projeto Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE): “Irmã-Estrela” e “Fumaça”.

“Utilizar obras do PNBE dentro da sala de aula traz a segurança de saber que são materiais escolhidos e elaborados para aquela faixa etária, além de serem cuidadosamente selecionados por profissionais da área”, justifica Conrad.

“Irmã-Estrela” foi escrito pelo autor congolês Alain Mabanckou e a morte é abordada na narração do menino protagonista, que relata a história da irmã que morreu dois anos antes do seu nascimento.

“Neste enredo, a perda da irmã ocorreu por conta de uma possível doença não especificada na trama, mas que justificaria um falecimento tão prematuro”, relata. “O livro pode ser trabalhado para apresentar aos alunos que existem diferentes culturas e formas de lidar com a perda de um ente querido, dependendo das crenças de cada pessoa e lugar”, orienta.

Já “Fumaça” foi escrito pelo espanhol Antón Fortes e traz a morte do personagem principal, que ocorre de forma trágica em um campo de concentração nazista. A história remete ao Holocausto, ocorrido entre 1939 a 1945, no período da Segunda Guerra Mundial.

“Ele pode ser utilizado para conscientizar e sensibilizar os alunos para um fato histórico que ocorreu, assim como levantar discussões pertinentes, como preconceito, imigração e direitos humanos”, elenca.

“Todos estes temas articulados à discussão sobre a morte pode render uma boa conversa com as crianças sobre os elementos que se fazem presente no nosso mundo, histórica e culturalmente, para que possamos nunca mais repetir crueldades. Ao mesmo tempo, compreender de que modo a temática participa de nossa vida e nossa história”, indica.

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Crédito da imagem: Ridofranz – iStock

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