O pensamento computacional pode ser descrito como uma estratégia de resolução de problemas utilizando técnicas que a área da computação aprimorou ou desenvolveu. Partindo desse princípio, ele pode ser trabalhado em atividades desplugadas [desconectadas] com crianças e jovens. “Isso porque o algoritmo de um computador é uma sequência de passos, como uma receita de bolo ou as instruções sobre como montar um móvel”, explica o diretor de tecnologia da Informação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR), Christian Puhlmann Brackmann.

O pesquisador oferece diferentes atividades sem necessidade de internet no site Pensamento Computacional. Elas podem ser impressas e trabalhadas com os alunos em diversas circunstâncias. A seguir, ele explica mais sobre o tema:

O que é o pensamento computacional?

Christian Puhlmann Brackmann: Poderíamos descrevê-lo como uma estratégia de resolução de problemas, nas mais diversas áreas do conhecimento, utilizando técnicas que a computação aprimorou ou desenvolveu. É alicerçado em quatro pilares: abstração, decomposição, reconhecimento de padrões e algoritmos. Em outras palavras, envolve identificar um desafio complexo e dividi-lo em pedaços menores e mais fáceis de gerenciar (decomposição). Cada um deles poderá ser analisado individualmente, com maior profundidade, para a identificação de situações parecidas já solucionadas anteriormente (reconhecimento de padrões), focando nos detalhes importantes e ignorando informações irrelevantes (abstração). Por último, passos ou regras simples podem ser criados para resolver cada um dos subproblemas encontrados (algoritmos). Ao propor isso para criar um código, o resultado também se torna “compatível” para uso em sistemas computacionais e, consequentemente, pode ser utilizado na resolução eficiente de problemas simples a complexos, independentemente da carreira profissional que o estudante deseja seguir.

O pensamento computacional pode ser desenvolvido em atividades desplugadas?

Brackmann: O algoritmo de um computador é uma sequência de passos, como uma receita de bolo ou as instruções para montar um móvel. E ele pode estar vinculado a uma condição. Por exemplo, a máquina pode fazer um cálculo utilizando uma lógica específica, condicionando-a a alguns atributos, como a temperatura: se está muito quente, ela liga o ar condicionado.

Podemos trabalhar diversos conceitos da computação de forma desplugada e utilizando materiais escolares comuns, como papel, tesoura, canetas, cola, lápis de colorir e outros materiais.

Para professor, o plugado e o desplugado podem e devem andar juntos (crédito: arquivo pessoal)

 

De onde os professores podem partir?

Brackmann: Para saber como introduzir a tecnologia e a computação na sala de aula, recomendo que leiam o Currículo de Referência em Tecnologia e Computação do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). Ele fala como o docente pode trabalhar a partir de três eixos, 10 conceitos e 147 habilidades, e também sugere práticas, avaliações e materiais de referência, relacionados com as competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Ele mostra ao professor informações de como praticar cada habilidade, como avaliar os estudantes e auxilia o gestor na tomada de decisões. Além disso, o documento indica se o educador precisa de algum conhecimento e se a escola necessita de dispositivo específico. São quase 150 habilidades citadas sobre o trabalho do tema.

Quais os desafios em trabalhar o pensamento computacional em atividades desplugadas?

Brackmann: Os professores inserirem em seus planos de aula os conceitos da computação. Não há ainda uma iniciativa que os auxilie nesse quesito. Pesquisas mostram que a melhor alternativa é trabalhar de maneira interdisciplinar, para que os alunos consigam compreender como os computadores farão parte de sua futura profissão. Não existe ainda no Brasil uma quantidade suficiente de objetos de aprendizagem ou materiais disponíveis em português para que isso ocorra. Outra alternativa seria a participação de docentes da área da computação para auxiliar nesse processo interdisciplinar.

Há vantagens de utilizar as atividades desplugadas em comparação com as online?

Brackmann: Ao realizar práticas nos laboratórios de informática, é notável a ansiedade e dispersão de alguns alunos frente ao computador. Uma alternativa para focar nos conceitos sendo trabalhados naquele momento, são as atividades desplugadas. Dessa forma, o professor pode, caso possível, progredir suas aulas para a máquina. Quando necessário, o docente pode deixar a turma offline novamente para poder dar atenção a outros conceitos importantes. Em outras palavras, o plugado e o desplugado podem e devem andar juntos.

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Crédito da imagem principal: Wavebreakmedia – iStock

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