A economia solidária é uma forma diferente de geração de renda, pautada nos princípios da solidariedade, cooperação, autogestão e viabilidade econômica.

“É uma gestão coletiva, na qual todos os membros de um empreendimento têm a mesma importância para as tomadas de decisões da cadeia produtiva”, resume a professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, da Universidade de São Paulo (USP), Renata Cristina G. Meneghetti.

Exemplos dessas iniciativas são cooperativas, associações, clubes de troca, grupos informais, entre outros.

Para os alunos do ensino fundamental e médio, é possível utilizar a economia solidária na aprendizagem de matemática.

“Uma alternativa é levar à sala de aula o saber e fazer matemático próprio de algum empreendimento econômico solidário”, indica a docente.

“Por exemplo, pode-se estudar conteúdos como grandezas proporcionais contextualizando no processo da cadeia produtiva. Problematizar o tempo gasto para produzir um determinado produto e seu valor de venda. Quanto mais tempo se gasta, maior deve ser o segundo”, orienta.

Ao tomar como exemplos iniciativas de empreendimentos solidários que já existem, a professora destaca que são estudados princípios da chamada etnomatemática, ou seja, a matemática própria de um contexto ou de um grupo cultural específico.

“Ela tem como intuito compreender como as diferentes culturas utilizam práticas relacionadas às maneiras de observar, comparar, organizar, classificar, medir, quantificar e contar”, ressalta.

Entre os conteúdos curriculares que podem ser resgatados ao estudar o funcionamento de um empreendimento solidário estão operações básicas, conjuntos numéricos, funções, questões de matemática financeira, de geometria, entre outros.

“As operações básicas podem estar relacionadas ao momento de produção, por exemplo, com projeções de quantos dias são necessários para que seja feita uma encomenda, com a contagem de quanto se produz em cada dia, ou por mês”, ilustra.

Feira de troca

Outra forma de trabalhar a economia solidária nas aulas de matemática é contextualizando-a na própria prática escolar. Foi o que fez a professora Loraci Maria Birck em sua dissertação de mestrado (2012). Ela sugeriu a criação de uma feira de trocas aos estudantes da 7ª e 8ª séries de uma escola do interior do Rio Grande do Sul, em uma comunidade na qual a principal característica era a agricultura familiar.

Também foi proposta a criação de uma moeda solidária. Para desenvolvê-la, as turmas precisaram estudar o sistema monetário de outros países.

“Há potencialidade de se trabalhar a economia solidária especialmente no ensino técnico ou em comunidades agrícolas, uma vez que esses contextos estão diretamente vinculados a questões do mercado de trabalho”, acrescenta Meneghetti.

“É uma forma de mostrar aos alunos uma nova maneira de perceber a sociedade e os modos de produção nela existentes”, afirma.

Resolução de problemas

Recomenda-se a utilização da aprendizagem por resolução de problemas como metodologia ativa.

“O processo de ensino se inicia por meio de um problema, cuja solução envolve o aprendizado de conceitos matemáticos. Ou seja, ele é um ponto de partida para o ensino dessa matéria”, apresenta Meneghetti.

Os alunos devem ser divididos em grupo – forma que ajuda a desenvolver cooperação e solidariedade.

“Ao olhar para a matemática contextualizada, os estudantes entendem que ela não é apenas um conjunto de fórmulas dissociadas do restante das nossas atividades no mundo, que a disciplina é importante nas discussões sociais, em um modo de produção mais justo, e que questões econômicas estão completamente permeadas pelos conhecimentos matemáticos”, enfatiza.

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Crédito da imagem: Alexey_Arz – iStock

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