No início de 2018, os professores de artes, língua portuguesa e matemática da escola estadual Professora Dulce Ferreira Boarin, em São Paulo (SP), desenvolveram um projeto interdisciplinar que rapidamente caiu no gosto dos alunos. A iniciativa batizada de “Oficina de Customização” tinha como objetivo incentivar o consumo consciente. Para isso, os estudantes foram desafiados a recuperar roupas e materiais escolares antigos, como cadernos e estojos, que iriam para o descarte. O resultado deu tão certo que a escola aplicou, em maio, a segunda parte do projeto.

“Agora, os alunos foram convidados a criarem roupas a partir de papéis recicláveis. A ideia dessa continuação do projeto se deu após a observação que eles ainda não valorizavam o papel, descartando folhas do caderno com facilidade. Com isso, a escola produzia muito lixo no seu dia a dia”, relata a professora de artes, Dione Pozzebon.

O projeto acontece semanalmente durante duas aulas, ministradas no período letivo e voltadas para a área de linguagens. As atividades abrangem alunos desde o sexto ano do ensino fundamental 2 até o terceiro ano do ensino médio. Os estudantes, por sua vez, são divididos em grupos de até seis componentes e incentivados a trabalhar e pesquisar de forma autônoma.

“Em artes, os alunos estudam correntes artísticas e desenvolvem desenhos, cores e estampas. A matemática entra na hora de projetar moldes e construir estampas geométricas, por exemplo. Por fim, a língua portuguesa é aplicada nos momentos de estudo e pesquisa sobre as roupas que serão realizadas e desenhos que serão aplicados”, descreve Pozzebon.

 

A matemática é utilizada na hora dos alunos criarem moldes e estampas (crédito: divulgação)

 

Para conseguir elaborar as peças, os estudantes selecionaram a matéria-prima no lixo reciclável da escola. “Foram utilizados principalmente cartolinas e papéis de cartazes que, após serem utilizados, eram descartados. Além disso, alunos, professores e pais doaram roupas que não possuíam mais serventia”, relata a educadora.

Realidade expandida

Segundo Pozzebon, uma das vantagens do projeto é que os alunos percebem, na prática, a aplicação simultânea dos conteúdos curriculares de três disciplinas tidas como “diferentes” entre si. “Eles notam que artes, matemática e língua portuguesa são usadas no mesmo instante. Para completar, a atividade aproxima os conteúdos curriculares do dia a dia dos estudantes. Isso cativa e instiga, e ele acaba não separando mais o que aprende na escola da vida. Ou seja, conseguimos trabalhar essa realidade expandida”, comemora.

Gorran Fábio, de 13 anos, é um dos alunos envolvidos na iniciativa. “Para fazer um vestido totalmente de papel reciclável, meu grupo usou medidas matemáticas, que aprendi durante o projeto – não as conhecia antes”, garante. “Além disso, acho que o trabalho flui nas aulas porque um membro do grupo ajuda o outro. Trabalhamos sempre em equipe”, diz.

 

A resolução de problemas em equipe é incentivada durante as atividades (crédito: divulgação)

 

De acordo com a professora de artes, o próximo passo será realizar um desfile na escola com as roupas produzidas por cada grupo. “Também esperamos que o projeto continue nos próximos anos”, finaliza.

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