A cada dois anos, a Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) promove campeonatos nacionais de diversas modalidades esportivas, entre elas, o futebol. Qualquer escola, particular ou pública, pode participar. Para isso, enfrentam-se em seletivas municipais e estaduais antes de chegar ao “brasileirão estudantil”.

“Reunimos os 26 estados e o Distrito Federal no evento, que funciona ainda como seletiva para o mundial escolar”, explica o CEO da instituição, Luiz Carlos Delphino.

“Ano passado, o Brasil sagrou-se campeão mundial no futebol masculino no torneio que aconteceu na Sérvia”, revela.

Escolas públicas, tradicionalmente, têm um bom desempenho nos torneios regionais de futebol, conquistando o direito de representar seus estados no campeonato escolar brasileiro. Caso do Colégio Estadual Tsuru Oguido, de Londrina (PR), que participou pelo Paraná na modalidade feminina, em 2019, e, agora, prepara-se para as seleções rumo à próxima edição do evento, prevista para 2021.

“É um orgulho, pois conseguimos levar as atletas para outros estados, apresentar novas culturas e abrir portas no esporte”, ressalta o professor de educação física e treinador, Johnny Gonçalves.

Para professor, benefícios de integrar o time vão além do esporte (crédito: arquivo pessoal Johnny Gonçalves)

 

Seu time treina duas horas, diariamente. “O projeto existe há oito anos e fomenta habilidades que vão além do esporte: as estudantes aprendem a ganhar e a perder, ética, disciplina e trabalhar em equipe, coisas que levarão para a vida”, descreve ele.

A aluna Giovana Bora, de 17 anos, concorda. “Cada jogo é uma experiência nova, uma história nova. Além disso, o time ajuda a dar visibilidade ao futebol feminino na escola e região”, enfatiza.

Treinador da equipe de futebol masculino da EEEM Emílio Nemer, localizada em Castelo (ES), Dayvid Carlos Piovezan Tozato conta que participar do torneio nacional mudou o comportamento dos alunos. “Ficaram mais assíduos na escola, não foi registrada indisciplina e se tornaram mais independentes”, lista.

“No campeonato nacional, puderam aprender como funciona o transporte aéreo e a seriedade de um evento desse nível, que envolve médicos, fisioterapeutas e enfermeiros. Além da dimensão e riqueza cultural do nosso país, com suas variações linguísticas”, revela.

Campeonatos também são oportunidade de enriquecimento cultural (crédito: arquivo pessoal Dayvid Piovezan Tozato)

 

Iago Fim Marques, 17 anos, faz coro aos benefícios. “Fiz amizades, aprendi a me relacionar e a respeitar as diferenças e habilidades de cada um”.

Apoio da direção

Para participar da equipe do colégio Tsuru Oguido, as estudantes interessadas fazem uma imersão de uma semana com as atletas. “Aquelas que se destacam e têm o perfil que procuramos são convocadas”, explica o treinador.

Também há as alunas descobertas por “olheiros”. Ana Luiza da Silva, de 16 anos, era moradora de uma cidade pequena e foi convidada a mudar para Londrina e integrar a seleção do colégio. “Jogo futebol desde os sete anos e não havia oportunidade onde morava. Agora, participar do time escolar me ajuda dentro e fora da quadra”, garante ela.

Para escolas públicas que desejam criar times, Tozato recomenda ao professor de educação física elaborar um projeto didático esportivo com gestão e coordenação pedagógica.

“Liste todos os objetivos, metas e regras que deseja para o projeto”, diz.

O apoio da direção, dos docentes e da Secretaria de Educação faz toda diferença. “Por exemplo, as atletas precisam de datas alternativas para provas e trabalhos, assim como alimentação antes do treino, disponibilizada pela escola”, assinala Gonçalves, cujas horas trabalhadas como treinador são contabilizadas pelo estado.

Também haverá a necessidade de transporte para as partidas, geralmente, custeado pela escola, poder público ou alunos, por meio de rifas. “No campeonato nacional, os estudantes ficam em alojamentos e recebem passagens, estadias e alimentação gratuita”, lembra ele.

O time da Emílio Nemer enfrenta como desafio a falta de uma quadra para treino na escola. “Os alunos vão para casa almoçar e depois se dirigem ao local que conseguimos para o treino. Aos sábados, cada um leva o seu lanche”, revela Tozato.

Ao professor de educação física que deseja ser treinador, Gonçalves recomenda investir em formação continuada na modalidade escolhida. “Paixão e mais conhecimento são necessários para cativar e inspirar os estudantes a participarem”, enfatiza.

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Crédito da imagem principal: arquivo pessoal Dayvid Piovezan Tozato

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