Conteúdos

 Condições e perspectiva de trabalho dos jovens.

Objetivos

Compreender as condições e as perspectivas de trabalho e realização dos jovens no Brasil, especialmente os que moram longe dos grandes centros urbanos;

Refletir sobre o conceito de TEMPO para os jovens, na perspectiva da construção do futuro;
Refletir sobre a linguagem cinematográfica e seu diálogo com outras expressões artísticas;
Compreender o papel da mídia na disseminação de conceitos e imagens ilusórias de juventude e sucesso; 
Conhecer a cultura popular nordestina;
 

1ª Etapa: Início de Conversa/Apresentação do Filme

 Algumas informações podem ser transmitidas antes da exibição do filme como:

 

• O romance A Máquina, escrito por Adriana Falcão em 1999, se passa na cidade de Nordestina, onde nada acontecia e todos queriam ir embora “para o mundo”. Adaptado para o teatro, por João Falcão, fez sucesso em Recife/PE. O casal Adriana e João Falcão faz nova adaptação da fábula romântica, desta vez para o cinema, em 2005. 

 

• A principal alteração da narrativa literária e teatral para o cinema foi a criação de um narrador do futuro, interpretado por Paulo Autran. 

 

• Alguns atores que se tornaram conhecidos com a montagem da peça (e hoje são conhecidos pela televisão) estão presentes no filme, mesmo em papeis menores, como uma participação afetiva, por estarem ligados ao projeto anterior. São eles: Vladmir Brichta, Lázaro Ramos e Wagner Moura, além do protagonista Gustavo Falcão. 

 

2ª Etapa: Exibição do Filme

É importante que o filme de 94 minutos seja exibido na íntegra, sem intervalos. Seria muito interessante que também fosse garantido o tempo do debate logo em seguida à exibição. O filme traz uma linguagem muito ágil, com muita informação de texto e imagem. Naturalmente, cada espectador captará informações diferentes entre si, o que faz com que o conjunto dos alunos tenha muito a trocar. No debate, podem surgir dúvidas e a necessidade de se repetirem algumas cenas, o que pode ser feito na aula seguinte.  

3ª Etapa: Questões para as disciplinas de Humanidades (Filosofia, Sociologia, História, Geografia, Língua Portuguesa)

O MUNDO LÁ FORA: no filme, muitos personagens sonham com o mundo fora da cidade de Nordestina, o que torna a cidade cada vez mais desinteressante. Não há investimentos já que  todos querem ir embora (um ótimo jogo de palavras entre Karina e seu pai ilustra bem essa situação). Para Karina, não sair “para o mundo”, significa acomodação, conformar-se com uma vida besta, sem emoções. Para Antônio, seu maior sonho é o casamento com Karina, portanto, não há necessidade de sair da cidade. Ao final do filme, Antônio descobre que a projeção do sonho (mesmo dentro da cidade) é o primeiro passo para construir um futuro feliz. O filme traz questões que podem ser abordadas de maneira multidisciplinar. 

 

• É possível trabalhar a ideia de sonho e utopia como base para o futuro. O que os jovens alunos sonham? Como eles querem construir o seu futuro? O que é realmente importante? Que obstáculos terão que vencer dentro do seu mundo real, para transformá-lo e realizar seus sonhos? De que forma, no filme e nos sonhos dos alunos, o desejo de realização pessoal (incluindo o romance, casamento, filhos) se articula com a realização profissional (emprego, profissão, sucesso financeiro)?

 

• O filme se passa em uma cidade fictícia do Nordeste, mas é evidente a relação com muitas cidades pequenas), em que os jovens não têm perspectivas de trabalho, formação e realização. Será que uma cidade pequena representa uma condenação? Há, entre os alunos ou seus familiares, casos de pessoas que deixaram sua cidade em busca de um sonho? Como os migrantes nordestinos são vistos nas cidades da região sudeste? Essa questão pode gerar uma enquete junto aos familiares e a socialização das experiências coletadas. Pode-se também articular estas histórias pessoais ao quadro das migrações no Brasil.

 

• Historicamente, como resultado do processo de colonização europeia, os valores e modos de vida europeus compuseram o padrão a ser buscado. A cultura europeia foi disseminada como superior, assim como o modelo de desenvolvimento econômico, as organizações políticas e sociais etc. A partir de meados do século XX, o modo de vida estadunidense é que passou a ser perseguido como o ideal de desenvolvimento. No Brasil, internamente, o modo de vida da região sudeste é imitado pela população de outras regiões. O mesmo ocorre na relação vida urbana/vida rural. No filme, é mostrada uma placa com os dizeres “ensina-se a falar carioca”. A mídia potencializa essa idealização, enaltecendo as celebridades e um conceito de sucesso “que vem do estrangeiro”. Por que é importante conhecer as raízes do povo brasileiro? Como se deu historicamente a construção de um discurso dominante que mina a autoestima do povo?  Será que a mídia precisa estar sempre a serviço dessa ideologia? 

 

• O filme discute a questão do tempo, da sua relatividade e sua projeção. A fábula permite a Antônio ir para o futuro e ver que a cidade seria abandonada completamente. Antônio tem a chance de mudar o passado, instigando a população para que realize seus sonhos, transforme a sua realidade, ao invés de se iludir com um mundo que a mídia promete. Após o debate, pode ser solicitada a produção de um texto sobre os sonhos e os caminhos 

 

 

4ª Etapa: Arte – explorando a cultura popular e as várias linguagens

CULTURA POPULAR:  a cultura popular nordestina é mostrada com autenticidade não apenas como tema, mas nos próprios recursos cênicos: figurinos, cenários, músicas, linguagem, sotaque assumidamente nordestino e expressão corporal. A cultura popular mostrada é híbrida, isto é, embora valorize elementos tradicionais (linguagem do cordel, forró, festa de rua) mescla-se com elementos modernos, como os clips com guitarras e luzes neon, uma música de Tom Jobim em inglês, mostrando que novo e antigo podem dialogar esteticamente. 

 

O filme oferece muitas possibilidades de atividades no campo da Arte, porque se vale de várias linguagens artísticas. No material de apoio (item metalinguagem) é possível ver como foi concebido filme que faz um diálogo entre cinema, teatro, cordel, música e artes visuais; 

 

Pode ser solicitado aos alunos que realizem uma produção audiovisual que conte uma história simples, mas que seja enriquecida com elementos de outras linguagens artísticas. O filme A Máquina serviria como base para a pesquisa que resultaria na produção dos alunos. 

 

Sugestão de tema: o mundo de sonhos propagados pela mídia e os “sonhos reais” dos alunos;

 

Os alunos podem ser divididos em grupos que pesquisem e executem cada parte (de acordo com seu interesse):

 

• Criação do roteiro;

• Pesquisa e confecção de figurino;

• Pesquisa e confecção de cenário; 

• Escolha da trilha sonora (pesquisa e execução por parte dos alunos que sabem tocar);

• Pesquisa de literatura de cordel ou outras linguagens poéticas;

• Ensaios que mostrem a complementaridade do teatro com o cinema; 

 

Materiais Relacionados

• O tempo, na mitologia, é representado por Chronos e Kairós. O primeiro representa o tic-tac do relógio, que não nos dá trégua, o tempo que pode ser medido; Kairós representa o tempo da vida, a oportunidade do desfrute, o tempo do sonho. Se o primeiro tem a ver com o corpo, o segundo tem a ver com a alma. Este link traz uma breve reflexão sobre como lidamos com o tempo e com os devaneios e, ao final, pode ser escutada a canção de Renato Russo Tempo Perdido. http://viveredevanear.blogspot.com.br/2012/09/duas-dimensoes-do-tempo-chronos-e-kairos.html
 
•Uma das canções que compõem a trilha sonora do filme é composta por Chico Buarque de Hollanda e Luiz Cláudio Ramos – “Porque era ela, porque era eu”. Chico conta que extraiu essa citação do filósofo Montaigne, depoimento que pode ser visto junto com cenas do filme no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=_JEsCzTinac
 
• METALINGUAGEM: O filme A Máquina envolve várias linguagens, até porque seu texto nasceu como livro, transformou-se em linguagem teatral, depois em roteiro de filme até chegar à linguagem cinematográfica. Sua proposta estética permite um intenso diálogo entre forma e conteúdo. Os cenários são propositadamente irreais. A cidade parece uma casa de bonecas, porque o filme também é uma metalinguagem, isto é, está falando da própria linguagem do cinema. O filme não está na lógica do realismo, isto é, sabemos que o cenário é artificial, que a máquina de viajar no tempo não é verdadeira e, assim mesmo, é possível “viajar” na história porque ela discute questões simbólicas como a felicidade, o tempo, os vínculos familiares, o amor.  Os depoimentos dos idealizadores e realizadores estão disponíveis no making of do filme, podendo ser assistidos no link: http://mais.uol.com.br/view/a56q6zv70hwb/making-of-do-filme-a-maquina-040260CC9103E6?types=A&
 
• Para conhecer um pouco mais sobre João Falcão, diretor do filme que, além de cineasta, é escritor, diretor de teatro, compositor e diretor de TV, é possível acompanhar uma entrevista disponibilizada no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=uOQH9lTdzXw
 
• A cultura popular nordestina, especialmente a pernambucana pode ser conhecida por suas várias formas de expressão. Um dos ícones dessa cultura (dança, teatro, canto, cordel) é o artista Antônio Nóbrega, cujo site pode ser acessado no link: http://www.antonionobrega.com.br/index.php
 
• O nordeste continua sendo a região de maior êxodo rumo ao sudeste e ao sul do país, em busca de melhores condições socioeconômicas, como mostra uma matéria jornalística, disponível no link:  http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/migracao-de-retorno-do-nordeste-para-o-sudeste-perde-forca
 

Arquivos anexados

  1. Cinema e Educação: A Máquina

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