Conteúdos

Moradia;
Carta argumentativa e Diário;
A cidade e  direito

Objetivos

Refletir sobre o direito à moradia nas grandes cidades contemporâneas;
Estudar o gênero Carta argumentativa a partir da problemática da obra.

1ª Etapa: Exibição do Filme

Se o filme ainda estiver em cartaz, peça aos alunos o assistam no cinema, já que a experiência da “telona” é cada vez menos habitualentre os jovens. A própria experiência de assistir à obra (no cinema, na televisão, no celular) pode ser discutida a partir do filme: o que muda em nossa experiência o suporte da obra? O que pode fazer com quem alguém prefira ir ao cinema a ver o filme em casa, assim como Clara prefere escutar discos de vinil?

 

Antes da exibição o professor pode contar um pouco sobre o diretor e sua obra, as questões sociais que costuma abordar, para instigar os alunos a observar esses aspectos em Aquarius.

 

2ª Etapa: Debate após o filme

Após o filme, o professor deve dar espaço aos alunos para que se manifestem, conduzindo o debate a fim de aprofundar as questões por eles colocadas. Qual é a problemática central do filme e como ela sintetiza várias tensões vividas nas cidades brasileiras contemporâneas? O que representa a personagem de Clara nesse cenário? Como está trabalhada a oposição entre antigo X moderno nos diferentes temas do filme?   Qual o lugar da música na construção do filme e dos personagens? Como é mostrada Clara em relação ao envelhecimento e à sexualidade?

 

É muito provável que apareçam as polêmicas que emergiram no lançamento: ao mesmo tempo que setores da mídia o ignoraram o filme foi reconhecido fora do país. A equipe fez um protesto contra o presidente Temer, ao receber um prêmio no exterior,  o que gerou grande discussão a mídia. Além disso, foi preterido na indicação para participar do Oscar.  A polêmica é válida e até mesmo se relaciona à temática do filme, mas não deveria encobrir a discussão da obra em si.

 

3ª Etapa: Atividades

Sociologia e Língua Portuguesa: O Direito à moradia

Um dos temas mais discutidos nas grandes cidades brasileiras, hoje em dia, é o direito à moradia, e como garanti-lo em um paíscom tanta desigualdade social como o Brasil. Desde 1948, o ano da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a moradia é considerada um Direito Humano, ou seja, todas as pessoas deveriam poder ter um lugar para morar digno e sem inseguranças ou instabilidades de qualquer tipo. O que vemos em Aquarius, no entanto, é que muitas vezes a moradia é tratada como um produto, e gera interesses de diferentes atores sociais, provocando conflitos entre governos, empresas e cidadãos.

 

Clara, uma mulher que não passa por dificuldades econômicas de nenhum tipo, se vê praticamente expulsa de seu apartamento por uma construtora que comprou todos os outros apartamentos do edifício. Em meio a este conflito, ouvimos diferentes argumentos, e muitos criticam Clara por sua postura, acusando-a de “prejudicar várias famílias”, não pensar em sua própria segurança, que o novo edifício lhe proporcionaria, impedir um negócio importante, etc. Clara, por sua vez, argumenta que esse é o apartamento onde viveu grande parte de sua vida e ela tem o direito de permanecer lá.

 

Sugerimos que o professor de Sociologia parta desta temática do filme para discutir o “Direito à moradia” no contexto brasileiro atual, pensando que fatores impedem esse direito a tantas pessoas, e se o lucro no setor imobiliário é compatível com a ideia de “direito”. O professor pode discutir com a classe sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e como ela foi pensada, e refletir sobre a problemática de Clara a partir desse marco teórico e legal.

 

O professor de Português, pode articular a esta discussão o trabalho com o gênero carta argumentativa [link 8, aba Para  Organizar o Seu Trabalho e Saber Mais]. Depois de trabalhar as características deste tipo de texto, conhecendo alguns exemplos, os alunos deverão escrever uma carta argumentativa, de Clara para a Construtora. Antes de iniciar a atividade devem escolher uma posição e elencar argumentos que usarão no texto: 

 

– Clara não vai vender o apartamento (quais os argumentos que apresentarão para a tomada desta decisão?)

– Clara vai vender o apartamento (quais os argumentos que apresentarão para a tomada desta decisão?)

 

A ideia não é que o texto apresente os elementos do gênero e que possa incluir elementos relativos a afeto, dinheiro, segurança, problemáticas sociais e passar pelo marco do Direito à moradia. A ideia não é estabelecer uma resposta “correta” à questão, e sim avaliar as variáveis do filme e a capacidade argumentativa dos alunos, a partir de suas ideias e opiniões.

 

Arte: Música, memória e significado 

Clara é jornalista e crítica de música, e em diferentes momentos do filme mostra sua paixão pela música popular brasileira, que prefere escutar em discos de vinil, tanto pelo ritual implicado como pela história que encerra cada um desses objetos. A trilha sonora do filme é em grande parte intradiegética (o conceito está explicado no link 11), ou seja, faz parte da trama do filme e não é colocada em off, como uma narração. Os personagens vivem cada canção e são construídos a partir delas. Gilberto Gil, Taiguara e Maria Bethânia fazem parte das relações familiares, da interpretação do mundo, do amor, além de conectar gerações e momentos históricos. A música, portanto, é um elemento fundamental do filme e apoia sua temática. 

 

 

O professor de Arte pode discutir com seus alunos o lugar da música em Aquarius [ver links 2 e 11], refletindo sobre os conceitos de “Trilha sonora”, “intradiegético/ extradiegético” e sobre a relação dos personagens com as canções. 

 

O professor pode escolher as canções que quer trabalhar ou pedir que os alunos façam suas escolhas e indiquem a minutagem em que aparecem no filme. Será interessante escolher algumas cenas específicas em que a música é central, ouvir as canções e analisá-las em relação ao filme. Sugerimos, por exemplo, a canção “Pai e Mãe” de Gilberto Gil, que toca no encontro familiar na casa de Clara. Por que essa canção? O que ela representa? O que causa nos personagens? Como a cena é construída em torno a ela? Que diferença haveria se o diretor colocasse a mesma canção, mas os personagens não a estivessem ouvindo? 

 

Como atividade prática, cada aluno poderá escolher 5 canções que são significativas em sua vida, e construir um diário em que explique essa importância. Esse diário poderá conter textos, imagens, recortes de revista, entradas de shows, etc, e – é claro – a letra das canções. Ao final da atividade, cada aluno escolherá uma das canções,  mostrará para os colegas e contará porque ela é importante.

 

Materiais Relacionados

1. Leia uma crítica sobre o filme;

 

2. Leia uma crítica sobre a música em “Aquarius”;
 
3. Saiba mais sobre o diretor do filme, Kléber Mendonça Filho;
 
4. Assista a uma entrevista com o diretor;
 
5.  O Portal NET Educação traz um artigo de Cláudia Mogadouro que dá um panorama sobre o Cinema Pernambucano, no qual está inserido o cineasta Kleber Mendonça Filho;
 
6. Conheça um site brasileiro sobre o direito à moradia;
 
7. Conheça o material da Secretaria de Direitos Humanos sobre o direito à moradia adequada;
 
 
9. Conheça mais sobre a história da trilha sonora no cinema;
 
10.  Ouça a canção “Pai e Mãe” de Gilberto Gil;
 
11.  Para se compreender o que é música extra diegética e diegética num filme. 
 

Arquivos anexados

  1. Cinema e Educação: Aquarius

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