Conteúdos

Família brasileira/migração;

Processos de produção econômica;
Educação Ambiental;
Filmes de animação;
 

Objetivos

Conhecer uma animação artesanal, com proposta estética diferente daquela dos grandes estúdios;

 
Refletir sobre o ponto de vista de uma criança: como ela olha o mundo e interage com ele; 
 
Refletir sobre trajetórias familiares e relacioná-las com o cenário de desigualdade.  
 
Conhecer os modos de produção capitalista no campo e na cidade, instalados no Brasil e América Latina;
 
Refletir sobre os processos migratórios e os processos de urbanização;
 
Refletir sobre o desenvolvimento econômico não planejado e seu impacto no meio ambiente; 
 

1ª Etapa: Início de conversa

Para os alunos maiores, pré-adolescentes e adolescentes, a dica é uma atividade transdisciplinar como aproveitamento deste filme. Nas Ciências Humanas, todas as disciplinas – História, Geografia, Sociologia e Filosofia – podem ter forte diálogo com o filme, pois há um pano de fundo complexo, baseado na cultura latino-americana (o Brasil como parte do continente) e na história socioeconômica e política desses países. O filme aborda temáticas sociais que serão alcançadas por algumas crianças e não por outras, o que não impede que estas últimas desfrutem da experiência estética do filme. 

2ª Etapa: Exibição do filme

O filme tem 1 hora e 20 minutos de duração. Pode ser que as crianças maiores e adolescentes achem que se trata de um filme infantil e rejeitem a proposta. Se isso acontecer, seria interessante que eles vissem vídeos antes do passeio (indicados no link 1, "para saber mais"), especialmente o rap tema do filme, de autoria de Emicida.

3ª Etapa: Debate

O entendimento da história será diferente entre os alunos, por isso proponha uma conversa,  após a exibição (no cinema ou na escola) para que as várias percepções se contraponham e se completem. Provavelmente, alguns alunos terão captado que o personagem Cuca aparece em várias fases da vida: ele é o menino, o jovem que sai de casa e toma o trem, o operário/artista e o velho da carroça, que também usa uma camisa listrada. Essa revelação provavelmente causará polêmica, porque haverá necessidade de se rememorar o roteiro do filme, cuja narrativa não é linear. Não se deve buscar consenso, já que a obra de arte é aberta e permite muitas camadas de leituras.

4ª Etapa: Arte – Linguagens – produção artística

Os jovens têm nas linguagens artísticas um canal muito potente da expressão dos seus sentimentos. É fácil verificar que a plasticidade do filme se apoia em muitas cores (mas também no branco) e na diversidade de materiais e texturas, o que pode inspirar a criação artística livre, tanto nas artes visuais, como na música. Interessante observar como as cores e os sons estão em sintonia. Quando o pai toca a flauta em uníssono, as bolinhas são de uma mesma cor; quando aparecem vários músicos tocando uma música mais harmonizada, as bolinhas são de várias cores; e quando o som vem do exército opressor, a representação do som se dá por bolinhas pretas. A mesma oposição se dará com os pássaros que lutam: o pássaro preto está do lado do opressor e o colorido representa o popular, sempre renascendo. Pode-se trabalhar a história da animação e as diferenças estéticas e temáticas culturais (no portal NET Educação há vários artigos sobre a história da animação). Outra possibilidade é a produção de uma animação pelos alunos, por exemplo, com a técnica de stop motion (indicação de como fazer, no link 2 de “para saber mais”). 

5ª Etapa: Ciências da Natureza – educação ambiental

O desenvolvimento sustentável pode ser discutido a partir da comparação do cenário do início do desenho, quando o menino ainda não tinha saído para o mundo com o cenário da cidade. Será que é mesmo inevitável que centros urbanos se transformem em locais inviáveis do ponto de vista ambiental? Crianças e adolescentes podem pesquisar sobre cidades que reverteram o processo de deterioração do meio ambiente e projetos para uma sociedade sustentável. Reciclagem do lixo é um tema que já está presente no cotidiano de todos (embora nem sempre devidamente compreendida) e permite atividades com todas as etapas da vida escolar. 

6ª Etapa: Ciências Humanas – Sem tempo nem lugar

O filme de animação O Menino e o Mundo não localiza o espectador nem no tempo nem no espaço, o que não atrapalha o entendimento do filme. O filme narra a história de um menino que vê seu pai ir embora, em busca de uma vida melhor. Seu pai plantava em sua própria terra, mas é obrigado a tomar um trem atrás de trabalho no campo ou na indústria. Tal situação pode ter ocorrido em vários pontos do Brasil ou do mundo e em qualquer tempo. Os processos de trabalho capitalista são mostrados em todas as suas etapas: plantações de algodão em larga escala, tecelagem, distribuição para o mercado consumidor, exportação, publicidade incitando ao consumismo. A chegada da tecnologia para os trabalhadores significa o desemprego e a acentuação da exclusão. A indefinição de tempo e lugar pode ser vista como a massificação, já que a exploração da força de trabalho é ampla e representa uma das marcas da nossa história. Desta mesma forma, pode ser interpretada a cena em que o menino espera a chegada do trem e vê seu pai. Quando ele corre para abraçá-lo, ele vê vários homens iguais, simplesmente porque o pai representa uma infinidade de trabalhadores em busca de uma vida melhor. A imprecisão atua, neste caso, como elemento enfático para se refletir sobre a exploração de mão de obra e a desigualdade social. 

 

Tanto para as crianças de Ensino Fundamental II como para o Ensino Médio, podem ser solicitadas pesquisas sobre a história de suas famílias e as migrações de gerações passadas. Certamente aparecerão várias histórias como a de O Menino e o Mundo. Não é difícil também identificar a cidade do filme como uma grande cidade “sem nome” que sofreu com uma urbanização não planejada. 

O autor e diretor Alê Abreu conta que tudo começou com uma pesquisa de canções de protesto na América Latina. É fácil identificar vários elementos da cultura popular brasileira e de vários países latino-americanos: na flauta, no gorro colorido, no artesanato, na música e até no exército como opressor.

7ª Etapa: Língua Portuguesa – Narrativa não linear e linguagem

O filme apresenta uma narrativa não linear. Há lembranças do menino que se misturam com a imaginação, por exemplo, quando seu pai vai embora, o menino o vê trabalhando, mas a imagem some; depois ele imagina o pai dentro de casa, novamente ele some. Ao final do filme, há a sugestão que o menino, o jovem operário e o velho são a mesma pessoa, mas eles não aparecem na história em ordem cronológica. É possível ler dessa forma, já que, ao final do filme, vemos um jovem com a mãe (o menino cresceu) tomando o trem em busca de trabalho. Sentado no trem, ele veste o gorro colorido… Então, o espectador pode concluir que o filme trata da trajetória de vida da mesma pessoa. Mas não há uma explicação racional para o menino ter “se visto” adulto e velho. Tudo é fantasia e arte, por isso as várias interpretações são todas legítimas. 

 

Como a narrativa é cheia de detalhes, certamente alunos captarão algumas informações e outros captarão outras. Por isso, o debate sobre o filme pode ser muito rico. A polissemia da obra (vários significados) deve ser preservada.

 

Na aula de Língua Portuguesa, pode ser trabalhada a linguagem não-verbal tão bem apresentada no filme.

 

Materiais Relacionados

Você pode ver entrevistas com o diretor da animação, Alê Abreu, no links:

 
 
– no blog do filme  
 
– na página do filme no Facebook 
 
– sobre as técnicas utilizadas
 
– o rap do músico Emicida feito especialmente para o filme: a canção chama-se “Aos olhos de uma criança” 
 
2. Conheça a técnica do stop motion no link e saiba como fazer um desenho animado em massinha, no link
 
3. Ouça o podcast, realizado pelo Portal NET Educação, sobre o filme
 

Arquivos anexados

  1. Cinema e Educação – O menino e o Mundo

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