Conteúdos

– Olavo Bilac
– Parnasianismo

Objetivos

– Conhecer parte da trajetória e obra do poeta Olavo Bilac
– Compreender a importância de Olavo Bilac como figura pública de sua época, participando da vida política do país e da fundação do movimento literário Parnasianismo, assim como, da Academia Brasileira de Letras

1ª Etapa: Início de Conversa

O objetivo desse plano de aula é abordar parte da trajetória de vida e obras do poeta Olavo Bilac. Além disso, compreender a importância de sua figura pública para a conjuntura histórica brasileira no final do século XIX e início do século XX. Ainda, a partir da intimidade com o tema, aplicar conhecimentos técnicos da área da literatura em nível escolar.

O tema é relevante não apenas como uma questão abordada em provas, vestibulares e no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), mas como esclarecedor a respeito de uma das personalidades essenciais da literatura brasileira. Mais que um poeta, como geralmente é retratado, Bilac foi também cronista, jornalista e inspetor de ensino (cargo público de muita relevância na época), além de defensor ativo da República e do Nacionalismo.

Nascido Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, no Rio de Janeiro em 1865, aos 15 anos, entrou para a faculdade de medicina do Rio de Janeiro, mas desistiu pouco depois. O mesmo fez com o curso de direito. Conta-se que era boêmio e amigo de vários escritores e intelectuais, “a elite letrada carioca”. Fundou vários jornais de curta duração, trabalhou durante longo tempo na “Gazeta de Notícias”, na qual substituiu o grande Machado de Assis na função de colunista.

Sua estreia como poeta publicado na imprensa se deu em 1891, com “Sesta de Nero”, em que já é possível perceber seus versos caprichosamente arranjados: aliterações, riqueza vocabular e rimas ricas (quando as palavras rimadas são de classes gramaticais diferentes). “[…] Formosa ancila canta. A aurilavrada lira / Em suas mãos soluça. Os ares perfumando, / Arde a mirra da Arábia em recendente pira […]”, canta em um trecho.

Um traço pouco comentado da biografia de Bilac foi sua atuação política em favor da República (proclamada em 1889), tendo, inclusive, usado o jornalismo político para expressar seus ideais. Como nacionalista, acreditava nos valores do Brasil como nação autônoma. Autor do Hino à Bandeira, escreveu em seus versos: “Salve lindo Pendão da Esperança/ Salve símbolo augusto da paz/ Tua nobre presença à lembrança / A grandeza da Pátria nos traz.”

Manifestando sua opinião política, conquistou inimigos ferrenhos como o Marechal Floriano Peixoto (um dos presidentes da República da Espada – 1889 a 1894, ditadura militar que inicia a República Velha no Brasil), chegando a refugiar-se em Minas Gerais e a ser preso no retorno ao Rio de Janeiro.

Após esse período, ocupou expressivos cargos públicos, especialmente ligados à educação e às relações políticas (no período da história que ficou conhecido como República do Café-com-Leite). Em companhia de figuras de destaque, como o então presidente do Brasil, Wenceslau Brás, fundou a Liga de Defesa Nacional, no ano de 1916. Um dos ideais ditos “cívicos” da LDN era implementar o serviço militar obrigatório – objetivo que teve pleno êxito e é uma realidade até os dias de hoje.

Uma das passagens mais distintas da trajetória de Olavo Bilac é sua atuação como um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (1897), ocupando a cadeira de número 15, cujo patrono é o escritor Gonçalves Dias. Bilac faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro de 1918.

Suas criações poéticas são expoentes do movimento literário “Parnasianismo” que, como tantos outros, nasceu na França, país tido como referência cultural para muitos autores brasileiros do período. Contemporâneo do Realismo e do Naturalismo, o nome desse movimento de estética literária tem origem na mitologia grega: Parnaso é um monte da Grécia, onde habitava Apolo, deus do lirismo e das artes, e as musas, aquelas capazes de inspirar os homens a produzir as mais belas poesias, músicas, esculturas…

O Parnasianismo surgiu, na poesia, como resposta ao ultrarromantismo das produções literárias e à linguagem, julgada pouco trabalhada nesse estilo. Baseava-se no racionalismo e na temática universal e ligava-se à poesia. Contudo, o vocabulário utilizado era tão rebuscado que podia ser incompreensível para o grande público.

O período Parnasiano, vivido pela literatura nacional, teve como marco inicial a publicação do livro “Fanfarras”, de Teófilo Dias, em 1882. O declínio do movimento, na poesia nacional, se deu a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922, movimento artístico que rompeu com vários padrões vigentes.

As principais características do Parnasianismo são:

– Poesia da segunda metade do século XIX;
– Esquema métrico rígido, em que sonetos e rimas ricas são bastante utilizados;
– Há construções sintáticas refinadas, com o uso intencional de classes gramaticais diferentes nas palavras rimadas;
– A preferência é por palavras rebuscadas, dificílimas, raras. É como se o poeta escrevesse com um dicionário ao lado;
– O poema é visto como uma obra de arte, uma joia a ser lapidada pelo ourives. Esse movimento se deu na poesia, ou seja, na forma lírica da escrita;
– Dessa forma, se entende por que outra característica é a separação “produto criado” (poema) “de seu criador” (poeta): é preciso sempre trabalhar nele, até a perfeição;
– Tendência descritivista (paisagens, objetos, episódios históricos), o que afastaria o autor de seu produto;
– O que importa é a forma como se escreve, que deve ser a mais elaborada possível (a ideia da “arte pela arte”). O autor deve “transpirar” sobre seu trabalho, não acreditar que a “inspiração” é comum;
– Há temas como sensualidade feminina e, frequentemente, são feitas referências à mitologia greco-latina;
– Objetividade; culto da forma;
– Oposição à postura ultrarromântica.

Em relação à obra de Bilac, como representante do Parnasianismo, fica explícito o conceito de “culto às palavras”, em que essas são escolhidas com muito cuidado. Como recurso estilístico, usava o polissíndeto (quando as conjunções são repetidas para reforçar um efeito de enumeração). “Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, / Vacila e grita, luta e se ensanguenta, / E rola, e tomba, e se espedaça, e morre”, diz o poema “Abyssus”.

Sua temática preferida é o amor, geralmente associado à noção de pecado (algo contundente frente à ideia parnasiana de rechaçar os ideais românticos), além da pátria e do trabalho. Olavo Bilac faz das estrelas suas confidentes, objetos de admiração e reflexão, como no famoso conjunto de 35 sonetos “Via Láctea”: “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo / Perdeste o senso! ” e eu vos direi, no entanto, / Que, para ouvi-las, muita vez desperto / E abro as janelas, pálido de espanto…”.

O mundo infantil, sem mácula e miséria, também foi alvo de sua atenção, por isso o autor ficou conhecido, também, como “o poeta da criança”, juntando-se a esse o título de “O Príncipe dos Poetas”.

Fontes: PIMENTEL, Carmen. Parnasianismo. Site G1. Acesso em 22 de maio de 2018.

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Acadêmicos. Olavo Bilac. Biografia. Site ABL. Acesso em 18 de maio de 2018.

2ª Etapa: Sensibilização do tema

Nessa etapa, os alunos irão ler o poema “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac, em voz alta, para que as aliterações sejam percebidas e as palavras “novas” possam suscitar dúvidas. Caso o (a) professor (a) sinta que a turma é receptiva e esteja preparada, cabe uma análise mais profunda, como o conceito de estrutura do soneto (4-4-3-3) e suas formas de rima (ABBA).


Segunda opção: O (A) professor (a) poderá pedir aos alunos que tragam de casa trechos de músicas e poesias que obedeçam à estrutura do soneto (4-4-3-3) e das rimas (ABBA).

3ª Etapa: Analisando o Parnasianismo

TERCETOS
Olavo Bilac

Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

“Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho…
E olha que escuridão há lá fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito!
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade…
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava…
Espera um pouco! deixa que amanheça!”

– E ela abria-me os braços. E eu ficava.

(BILAC, Olavo. Alma Inquieta. Poesias. 13ª ed. São Paulo: Livr. Francisco Alves, 1928. p. 171-72)

(Unesp, 1995) Embora seja considerado um dos mais típicos representantes do Parnasianismo brasileiro, cuja estética defendeu explicitamente no célebre poema “Profissão de Fé”, Olavo Bilac revela em boa parcela de seus poemas alguns ingredientes que o afastam da rigidez característica da escola parnasiana, e o aproximam da romântica. Partindo desta consideração:

a) Identifique duas características formais do poema de Bilac que sejam tipicamente parnasianas.
R: A estrutura do terceto (poema de três versos), com suas formas de rima ricas, e a utilização de palavras rebuscadas.

b) Aponte um aspecto do mesmo poema que o aproxima da estética romântica.
R: O tema do amor.

4ª Etapa: Elaboração de resposta discursiva textual ou redação

Nessa etapa, os alunos irão elaborar um texto de até 25 linhas como resposta à proposta a seguir:

Olavo Bilac, também chamado de “Príncipe dos poetas”, era um autor cuidadoso ao extremo em suas composições. Fundou uma instituição importante para a vida literária do país, a Academia Brasileira de Letras. Disserte sobre a biografia e obra de Olavo Bilac, considerando o movimento literário do qual fazia parte, o Parnasianismo.

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1 – Para acessar o perfil do poeta, escrito pela Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual foi fundador, entre no link disponível no site da instituição.

2 – Leia o texto sobre o Parnasianismo, estilo literário do qual Bilac é um expoente.

3 – Em conjunto com Raimundo Correia e Alberto de Oliveira, Olavo Bilac formava “A Tríade Parnasiana”. Diz-se que as características na escrita de cada poeta se complementavam de modo perfeito. O site “Universia Brasil” traz, ainda, outros autores parnasianos.

4 – O programa “Cronistas do Rio” traz um pouco mais do “príncipe dos poetas brasileiros”, ninguém mais do que Olavo Bilac.

5 – Ilustrando o estilo de Bilac, confira cinco de seus poemas, incluindo o famoso “Língua Portuguesa”.

Arquivos anexados

  1. Plano de aula – Olavo Bilac

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