Conteúdos

– Contexto histórico
– 1ª República
– Movimentos sociais
– Questão negra

Objetivos

– Resgatar os conteúdos acerca do período da 1ª República ou “República Velha”
– Compreender o funcionamento da política brasileira dentro do determinado contexto histórico
– Suscitar a discussão sobre as desigualdades sociais e raciais durante o período estudado

1ª Etapa: Início de conversa: contexto histórico

Para entendermos o que leva à eclosão da chamada “Revolta da Chibata”, devemos, em primeiro lugar, entender qual o contexto histórico em que ela acontece. Depois disso, entender dentro do contexto, os acontecimentos que levam ao nosso objeto de estudo. Portanto, recomenda-se uma aula inicial, recuperando os eventos que marcaram o início da República no Brasil, para auxiliar na compreensão do conteúdo.

– 1ª República
De 1889 a 1894 – fica conhecida como República da Espada, pelo fato dos presidentes que assumem o cargo nesse período pertencerem ao exército. A espada era um símbolo dos militares na época.

1894 a 1929 – é o período conhecido como República Oligárquica ou do Café com Leite, onde todos os presidenciáveis são membros das elites latifundiárias de São Paulo e Minas Gerais, que revezavam o poder.

– Questão Social na 1ª República
O quadro social na 1ª República é marcado por uma grande desigualdade, onde os trabalhadores e a população pobre eram submetidos a péssimas condições de vida, desemprego, baixos salários, moradias precárias, etc. Enquanto a elite experimentava uma melhora nas condições de vida com a nascente industrialização brasileira e o auge do café, o restante da população se amontoava em cortiços no centro da cidade e trabalhava em empregos precários. Essa desigualdade e a ausência de políticas do Estado voltadas aos trabalhadores e à população mais pobre, geram uma série de revoltas sociais que irão marcar o período da 1ª República no Brasil, como Canudos, Farroupilhas, Revolta da Vacina e Revolta da Chibata.

– Questão Negra na 1ª República
A abolição da escravatura mercantil no Brasil, ocorre em 1888, apenas um ano antes da proclamação da República. A Lei Aurea não propõe nenhum tipo de política de inclusão dos negros recém-libertos à sociedade e os mesmos seguem a viver marginalizados, porém, agora, em um contexto onde não há trabalho, nem moradia e seguem negados os acessos à direitos básicos, como educação e saúde. As políticas da 1ª República, para lidar com a população negra, que já era significativa parte dos brasileiros na época, é de repressão, perseguição e encarceramento em massa.

2ª Etapa: Exposição sobre o tema

Nesse momento, o(a) professor(a) irá expor sobre o tema abordado. A aula expositiva deverá levar 50 minutos e tem como objetivo lançar luz sobre o acontecimento estudado. Assim, recomenda-se que o(a) professor(a) aborde alguns pontos chaves para explicar o tema, como: onde ocorreu, qual o contexto histórico, o que foi a Revolta da Chibata, qual ou quais seus líderes e sua conclusão.

Segue abaixo um pequeno resumo seguindo essa orientação:
– Assunto: Revolta da Chibata

– Onde ocorreu: Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910.

– Contexto Histórico: 1ª República.

– O que foi:

A Revolta da Chibata foi um movimento de marinheiros que se rebelaram contra os maus tratos que sofriam por parte de seus superiores, sendo açoitados, como forma de castigo. A maioria desses marinheiros era formada por negros e mestiços, que continuavam sofrendo castigos semelhantes aos do período da escravidão, mesmo essa já tendo sido abolida anos antes. As chibatadas, como forma de punição dentro da marinha, já haviam sido proibidas por lei, mas, mesmo assim, a prática continuava sendo utilizada pelos militares superiores.

Além dos maus tratos, os marinheiros recebiam baixos salários e as condições de trabalho eram muito ruins, insalubres.

– Estopim:

O fato que levou os marinheiros a se rebelarem contra os seus superiores e contra o Estado, foi o castigo recebido pelo marinheiro Marcelino Rodrigues, que foi açoitado até perder a consciência. Esse acontecimento levou os marinheiros a se revoltarem, tomando em motim a embarcação e matando três oficiais e o comandante do navio. Ao chegar no Rio de Janeiro, os revoltosos receberam o apoio de outros marinheiros, de outros barcos, que também eram castigados cotidianamente.

– Líder:

O principal líder da Revolta da Chibata é o marinheiro João Cândido, que ficou conhecido como “Almirante Negro”. João Cândido era filho de escravos, nasceu de ventre livre e era oficial do exército desde sua participação na Revolta Federalista no Rio Grande do Sul em 1893, com apenas 13 anos. Ele se colocou como líder dos marinheiros e comandou toda a revolta.

– Reivindicações:

Os marinheiros reivindicavam principalmente o fim dos castigos físicos, melhoria em seus salários e o direito a uma folga semanal. Caso não fossem atendidos, ameaçaram utilizar o poder que estava em seu controle e bombardear a então capital da República, o Rio de Janeiro.

– Desfecho:

Após negociações com as tropas federais, e o envio de uma carta ao então presidente Hermes da Fonseca, os marinheiros que pediam nada mais do que o cumprimento da Constituição Republicana, foram atendidos e absolvidos. Sendo assim, em 27 de novembro de 1910, os marujos entregaram suas armas e embarcações.

A imprensa repercutiu de forma muito negativa à decisão do governo de anistiar os marinheiros revoltosos, o que gerou uma pressão para que o governo tomasse atitudes mais duras em relação aos envolvidos no episódio. Sendo assim, no dia seguinte, o presidente Hermes da Fonseca assinou um decreto que autorizava a expulsão do exército daqueles que a permanência significava um “inconveniente à disciplina”. Esse decreto levou à outra revolta, só que dessa vez foi fortemente reprimida pelas forças do Governo Federal. Assim, os envolvidos na Revolta foram expulsos, alguns foram presos na Ilha das Cobras e outros levados para seringais na Amazônia. No total, foram 9 mortos, entre eles 3 oficiais, 2 marinheiros e 2 crianças.

Dois anos depois, em 1912, todos os marujos foram absolvidos. João Cândido sofreu perseguição política por parte do exército durante toda a sua vida, foi, sucessivamente, demitido dos cargos que veio a ocupar e morreu trabalhando como pescador, na miséria.

3ª Etapa: Proposta de atividade

Após a exposição sobre o tema, o(a) professor(a) irá propor aos alunos uma atividade pedagógica que tem como objetivo a reflexão sobre o conteúdo estudado, a partir do trabalho com documentos históricos. Essa atividade é interessante para que os estudantes tenham contato com documentos da época da Revolta e, além disso, permite que desenvolvam a capacidade de leitura e análise de fontes históricas.

– Atividade: Leia a carta dos marinheiros ao Governo Federal e, em seguida, elabore um texto, identificando quais as principais reivindicações dos marinheiros, os ideais que utilizaram na construção do discurso e qual a contradição entre as reivindicações feitas e o fato delas ocorrerem num governo republicano.

“Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá; e até então não nos chegou; rompemos o negro véu, que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado povo. Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais, os quais, tem sido os causadores da Marinha Brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos esta honrada mensagem para que V. Excia. Faça aos Marinheiros Brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilitam, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que venham engrandecer a Marinha Brasileira; bem assim como: retirar os oficiais incompetentes e indignos de servir a Nação Brasileira. Reformar o Código Imoral e Vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo, e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo pelos últimos planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que não tem competência para vestir a orgulhosa farda, mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha. Tem V.Excia. o prazo de 12 horas, para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada. Bordo do Encouraçado “São Paulo”, 22 de novembro de 1910. Nota: Não pode ser interrompida a ida e volta do mensageiro – Marinheiro.”

MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata – Subsídios
para a história de Sublevação na Esquadra pelo marinheiro
João Cândido em 1910. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1979. p. 84-85.

Materiais Relacionados

1) Ao/À professor(a), a fim de aprofundar seu conhecimento, é recomendado o acesso à “Exposição Virtual” Revolta da Chibata, realizada pela Ação Educativa.

2) Referência:

Acervo Público do Estado de São Paulo.

Arquivos anexados

  1. cd644b12-8f49-4352-8d7a-455d11c3167f
  2. Plano de Aula – Revolta da Chibata

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