Leonardo Valle

Em uma decisão histórica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a transexualidade como um transtorno mental. A mudança foi publicada na nova revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID), que oferece um código para cada doença, distúrbio, condição e causa de morte. Com isso, a transexualidade deixa de configurar ao lado de transtornos como pedofilia e cleptomania. O prazo para cada país se adaptar à nova CID é 1º de janeiro de 2022.

Para a presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson, a medida colabora com o fim da estigmatização da pessoa transexual. “Consideramos um passo positivo para a despatologização das identidades trans. Essa recondução do tratamento dado a pessoa trans é importante e um começo de debate”, comemora.

Contudo, a OMS manteve a transexualidade dentro da lista de CIDs, agora como “condição relacionada à saúde sexual”. O objetivo é facilitar que pessoas transgêneras consigam atendimento médico, visto que muitos países não possuem sistema de saúde pública ou políticas voltadas a essa população.

“Nem todos os países possuem um Sistema Único de Saúde (SUS) e ainda é necessária uma categoria para que haja o acesso à saúde. Mas, claro, que esperamos um dia em que a transexualidade não precise de um CID, como aconteceu com a homossexualidade, em 1990”, reforça Simpson.

A presidenta da Antra, contudo, acredita que a discussão ainda demorará alguns anos para avançar. “A primeira vez que o movimento social brasileiro discutiu a despatologização da transexualidade foi em um congresso em 1993, e o primeiro passo dessa medida chegou apenas hoje. Talvez, antes de 2030, conseguiremos a retirada total da CID”, exemplifica.

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