Criado em 2000, o Movimento dos Sem Universidades surgiu da necessidade de lutar pela democratização da universidade e pela transformação cultural do Brasil. Uma das frentes de atuação é o cursinho popular, realizado nas periferias com o apoio de professores voluntários, paróquias, escolas e espaços públicos. Sérgio José Custódio, presidente do movimento, conversou com o NET Educação e contou como é o trabalho do coletivo.

NET Educação – Como surgiu a ideia do Movimento Sem Universidade?
Sérgio – Nosso movimento retoma uma ideia antiga da educação brasileira, a educação popular, que teve dois personagens centrais: Paulo freire, que identifica a alfabetização como um processo de conscientização, e Abdias do Nascimento, que atuava na defesa pelos direitos dos afrodescendentes. E o MSU surge justamente na continuidade da educação popular, contra a analfabetização e pela luta do direito a universidade direcionada para as camadas populares.

NET Educação – E como é o trabalho desenvolvido pelo movimento?
Sérgio – Não temos uma estrutura burocratizada, elegemos algumas prioridades de lutas e vamos atrás. Nós temos os cursinhos populares, mas nosso objeto não é só esse, porque não adianta nada fazer só cursinho, você tem que fazer ações reais.

https://youtu.be/GxA593xvc60
MSU: rolezinho da educação popular

 

NET Educação – Quais realizações vocês já tiveram desde o início do MSU?
Sérgio – Tivemos grandes conquistas ao longo dos anos, como as isenções das taxas do vestibular e da taxa do ENEM; a criação do PROUNI, com mais de um milhão e meio de bolsas de estudos; a criação de novas universidades, como a Universidade Federal do ABC; o ENEM como critério de acesso à universidade no Brasil; e a Lei de Cotas (Lei 12711/12) que garante 50% das vagas nas universidades federais e no ensino técnico federal, por turno e por curso, para estudantes oriundos de escola pública, respeitando-se a proporção de negros e indígenas por região do Brasil.

NET Educação – E sobre o cursinho popular do MSU, como é o trabalho desenvolvido?
Sérgio José Custódio – Nosso trabalho é desenvolvido nos territórios onde existe a necessidade, onde muita gente precisa e quer passar em uma universidade e não tem condições de pagar um cursinho comercial. As aulas são ministradas aos finais de semana em paróquias, escolas públicas, centro comunitário, entre outros espaços. Os professores são voluntários e atuamos com economia solidária, às vezes conseguimos apoio para os projetos, mas não tem fins lucrativos.

NET Educação – Qualquer professor pode ser voluntário?
Sérgio José Custódio – Sim. Os professores que tem interesse podem se inscrever como educador popular no portal do MSU: http://www.msu.org.br/educador_popular.html. Nós também fazemos parceria com universidades, damos abertura para quem está estudando e quer ser professor, isso até conta como horas de estágio.

NET Educação – E para os interessados em participarem do cursinho popular, como são as inscrições?
Sérgio José Custódio – Estamos em um novo momento, tivemos uma reunião recentemente e decidimos que as inscrições serão permanentes, via site. Percebemos que vinculado a um calendário não dialogava com as necessidades. Nesse formato conseguimos até chamar mais pessoas. Receberemos as inscrições e iremos chamando conforme a demanda.

Para conhecer o trabalho do MSU acesse: http://www.msu.org.br/.

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