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“Os smartphones vão além do uso funcional que os celulares apresentavam e geram um apego emocional.
Lembranças, relações, contatos representam nossa memória afetiva em fotos,
vídeos e áudios presentes no aparelho.
(Claudia Sciré – doutora em Sociologia pela USP)

Charge de Jota A 

Não há dúvida de que os smartphones podem facilitar nossas atividades diárias e auxiliar a comunicação. Por outro lado, possuem um poder de sedução ao colocar um mundo de entretenimento ao alcance de nossas mãos, a qualquer momento. Se para adultos estabelecerem uma relação saudável com esses dispositivos móveis é um desafio, que consequências poderiam trazer às crianças e aos jovens?

Para tratar do tema,  o Instituto Claro realizou uma entrevista com a doutora em Sociologia pela USP, Claudia Sciré, e com o psiquiatra da infância e adolescência, Felipe Picon, vice-coordenador do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas. O uso de smartphones em excesso pode gerar dependência, que, de acordo com Picon, acontece quando a pessoa passa a ter perdas em sua vida cotidiana. No caso de adolescentes, normalmente “passam a ir mal na escola, deixam de fazer atividades na aula, apresentam irritação, ansiedade e mudanças de humor”.

Já Sciré estudou a ligação de adolescentes com os smartphones entre 2010 e 2014 e concluiu que esses aparelhos vão além do uso funcional que o celular apresentava e geram um apego emocional. Isso se mostra ainda mais atraente aos adolescentes, pois estão na fase em que criam vínculos. Para evitar que criem dependência, a socióloga sugere que sejam mostradas `para as crianças e adolescentes “outras atividades sociais que geram trocas e relações tão interessantes quanto fazer isso pelos smartphones”.

Smartphone não é vilão

Seria a proibição do uso, então, a melhor saída para evitar consequências danosas no desenvolvimento e na aprendizagem? Segundo os especialistas ouvidos, a mediação por parte dos adultos tende a surtir melhores efeitos, já que os adolescentes estão ligados a uma teia social por meio do smatphone. Da mesma forma, na escola, os dispositivos móveis podem ser observados como ferramentas para a produção e acesso a conteúdos específicos.

 “Os adultos precisam também se atualizar para não assumirem eles mesmos usos inadequados, pois não teriam autoridade para ensinar aos mais jovens sobre o uso correto da tecnologia”, ressalta o psiquiatra Picon. Seria um papel dos pais e educadores orientarem as crianças e os jovens sobre os riscos que a rede apresenta, além de mediar o acesso a conteúdos e atividades que possam ser benéficos a esse público.

Pelo ponto de vista da sociologia, é importante que se fale e discuta sobre o tema, para que haja a reflexão de que tipo de sociedade estamos construindo e que relações esperamos que surjam a partir daí. Para Sciré, a escola deve gerar atividades que permitam fazer com que os alunos percebam por conta própria como estão usando os seus respectivos smartphones. “Os smartphones podem ser úteis para as atividades escolares, desde que os professores possuam treinamento adequado para fazer um bom uso dessa tecnologia”, ressalta o médico.

Links:

Paulo Picon é um dos responsáveis pelo site Dependência de Tecnologia, que traz orientações para os adultos sobre possíveis caminhos de abordagem sobre o tema com crianças e adolescentes.

Créditos:

As músicas utilizadas nesta edição são do trabalho “Algorritmo”, da banda “Filarmônica de Pasárgada”.

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