Em 2017, o Programa de Experimentos Espaciais para Estudantes (Student Spaceflight Experiments Program), da NASA, convidou três escolas brasileiras para participarem de suas atividades de incentivo à ciência. Para participar, os estudantes deveriam desenvolver projetos que pudessem ser implementados em uma estação espacial internacional. De um total de 73 trabalhos, o escolhido foi o que produz cimento espacial, de um grupo de cinco crianças. No grupo, está Sofia Palma, de 13 anos, estudante do Colégio Âncora – instituição que opera nos moldes da Escola da Ponte, de José Pacheco, e atende crianças e jovens de uma área periférica de Cotia (SP).

“O cimento espacial é um cimento normal em que juntamos plástico verde, feito de cana-de-açúcar”, explica a jovem cientista. “A ideia surgiu das dúvidas sobre o por quê de existirem tão poucas construções no espaço. Então, pensamos em levar o cimento para o espaço, já que ele é bem frequente nas construções aqui na Terra”, conta.

Já o uso do plástico foi pensado após os alunos descobrirem que um dos problemas para os astronautas não ficarem muito tempo no espaço é a radiação, sendo o material uma forma de evitá-la. “Também ficamos sabendo que uma recicladora de plástico verde seria levada no mesmo voo do projeto. Assim, pensamos em juntar esse material com o cimento”, acrescenta.

O cimento espacial será lançado ao espaço pela Estação Espacial Internacional (ISS). Depois de quatro a seis semanas, será trazido de volta à Terra para análise dos resultados.

Desafios viram aprendizagem

Sem divisão dos alunos por turma ou idade, o Âncora investe em uma aprendizagem por projetos na qual os próprios alunos escolhem os temas que gostariam de estudar. Segundo Sofia, o estudo do cimento espacial a ajudou a aprofundar conteúdos de radiação e física.

A aluna Sofia Palma desenvolveu um cimento elaborado com plástico verde que será testado em uma estação espacial pela NASA (crédito: divulgação)

 

Além disso, Sofia e seus colegas se mobilizaram para arrecadar cerca de R$ 20 mil, dinheiro que garante a viagem da menina à Washington (DC), nos Estados Unidos, onde irá apresentar o projeto. “Estamos vendendo cadernos artesanais, brigadeiros, sorvetes e organizando eventos”, destaca. Pois esse processo também foi transformado em um momento de aprendizagem.

“Existe o projeto científico com seus conteúdos, e o projeto da viagem, que é multidisciplinar e envolve um mundo de possibilidades e aprendizados”, garante a professora e orientadora de Sofia, Patrícia Souza. “No projeto de iniciação científica, foram estudados temas como: microgravidade, estrutura do plástico, cimento, composição para formação do cimento, impressão 3D, radioatividade e o que decorre destes conteúdos principais”, lista.

“Já no projeto da viagem, Sofia está estudando diariamente inglês, cotação e conversão do dólar, geografia dos Estados Unidos, desafios socioemocionais do trabalho em grupo, aprender a se posicionar mediante entrevistas, atributos de vendas”, descreve.

Para o futuro, Sofia quer transformar toda essa aventura em um livro. “O meu sonho é ser escritora de livros de ficção científica para incentivar a ciência nos jovens”, conta.

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