Iniciativa faz parte do projeto voluntário Marula Brasil


 

Minha mãe é professora do Ensino Fundamental I há mais de 25 anos e sempre me envolvia em suas atividades na escola. Acredito que nasceu aí, minha admiração por este trabalho árduo, mas tão gratificante, que é lecionar. Sempre me envolvi com voluntariado e atividades culturais, e por estar continuamente em busca de novas experiências, acabei tendo a oportunidade de conhecer uma nova nação. Em 2011, deixei São Paulo e parti para uma experiência um tanto desafiadora: viver em Moçambique, país situado no Sul do continente africano.

Ao retornar para o Brasil em Junho de 2012, depois de viver 14 meses na África e vivenciar uma cultura incrível com suas grandiosidades, belezas e mazelas, senti que a “bagagem” intelectual e emocional era tão rica, que não poderia ficar apenas comigo e assim nasceu o Marula Brasil. Um projeto voluntário que leva às instituições públicas de ensino, uma vivência de respeito às diferenças baseada em minha jornada nessa nova terra.

Meu desejo era proporcionar uma experiência que auxiliasse o público infanto-juvenil em seu próprio processo de crescimento, reconhecimento, aceitação e com isso, trabalhar a autoestima e o respeito a quaisquer diferenças. Com essa ideia na cabeça e apoio de diversos amigos que “botaram a mão na massa” comigo, entendi que o melhor modo de alcançar os alunos, seria uma palestra que abordasse desde a origem humana através da ciência para explicarmos o porquê de nossas diferenças como as cores de pele, traços físicos, etc, passar pela história do Brasil e a miscigenação do nosso povo, para só depois aterrissar em solo africano e explorar minha experiência.

Apresento um material rico em fotos, vídeos, músicas, etc, preparo uma mesa cheia de artesanatos e tecidos moçambicanos, e a palestra vira uma espécie de “banquete”, pois eles se amontoam querendo tocar os materiais, cheios de curiosidade e sede de aprendizado. Não gosto nem de usar o termo “palestra”, acredito que ali fazemos uma grande “vivência”!

Num primeiro momento, muitos dizem que a “aula” será sobre “macumba” e a fala vem carregada de preconceito e desdém. Quando pergunto o que eles têm como referência da “África”, é quase unânime o seguinte coro: somente negros, pobreza, miséria, fome, rituais e animais. Poucos têm contato com outros símbolos africanos. No final, depois de explorarmos itens que eles nunca tiveram acesso, os alunos entendem que o continente africano é tão cheio de misturas étnicas, políticas, climáticas, culturais, religiosas, etc, quanto qualquer outro e na maioria das vezes, ouço que um dia eles ainda vão visitar um país africano!

Tem sido uma experiência incrível e relato cada detalhe no site marulabrasil.com.br. No final de cada vivência, fico me perguntando quem será que aprendeu mais: eles ou eu!? Hoje, o projeto foi além do Ensino Fundamental, tenho me envolvido com Ensino Médio, EJA (Educação de Jovens e Adultos) e estudantes universitários, além de fazer trabalhos específicos com pais e mestres. Espero que a mensagem que proponho no Marula se expanda e ganhe terrenos cada vez maiores e distantes, afinal todos nós precisamos aprender a nos reconhecer, aceitar e celebrar as diferenças que fazem a humanidade ser tão interessante!

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