Nelson Mandela (Crédito: Anacleto Rapping/Los Angeles Times/MCT)
No dia 9 de maio de 1994, Nelson Mandela foi eleito presidente nas primeiras eleições democráticas da África do Sul, inaugurando uma era pós-apartheid. As mudanças sociais lideradas por ele – como a luta pelo fim da segregação entre negros e brancos – também refletiram no campo educacional.
“Os serviços de educação não atingiam a população negra em sua totalidade e eram de qualidade inferior aos dos brancos. A quebra daquelas barreiras que impediam o negro ter acesso a mesma educação dos brancos foi um grande começo”, destaca coordenador da faculdade de Relações Internacionais da FMU, Manuel Nabais da Furriela. Confira abaixo uma entrevista com o docente sobre a importância histórica da chegada de Mandela ao poder. O líder completaria 97 anos neste sábado (18/07).
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NET Educação – Por que o governo de Nelson Mandela foi histórico?
Manuel Nabais da Furriela – O principal aspecto foi o caráter conciliador de seu governo. Mandela ficou preso durante muitos anos e foi perseguido pelo governo branco e segregacionista da África do Sul. Mesmo assim, quando solto, negociou a transição do apartheid para um sistema democrático sem revanchismo. Mais do que a capacidade de liderança, ele teve a percepção de que se buscasse vingar os negros, levaria o país a uma guerra civil.
NET Educação – Ele foi um líder tanto para negros quanto para brancos?
Furriela – Apesar do Nelson Mandela ser tradicionalmente uma liderança negra, a população branca também se identificou com ele e o viu como uma liderança. Ele conseguiu trazer para a base do seu governo aqueles que no passado segregaram os negros. Conseguiu demonstrar que a sociedade sul-africana era multirracional, algo que serve de lição para nós no Brasil.
NET Educação – Qual foi a maior contribuição política do seu governo?
Furriela – A principal contribuição foi trazer os negros, que eram a maioria da população, para o centro do poder. O sistema de segregação estipulava serviços públicos específicos para os dois grupos, contudo, os negros eram desfavorecidos. Com a luta para o fim do apartheid, em tese, os negros passaram a ter os mesmos benefícios que os brancos.
NET Educação – Como era o sistema educacional antes de Mandela?
Furriela – Antes de Mandela, o sistema educacional diferenciava negros e brancos. Os serviços de educação não atingiam a população negra em sua totalidade e eram de qualidade inferior aos dos brancos. Não havia, por exemplo, índices de analfabetismo na população branca, ao contrário da negra. A quebra daquelas barreiras que impediam o negro ter acesso à mesma educação dos brancos foi um grande começo.
NET Educação – Como você avalia a educação na África do Sul atualmente?
Furriela – Houve avanços, mas a África do Sul ainda apresenta índices educacionais deficitários. Apesar do sistema agora oferecer oportunidades a todos, sem barreiras. O país conta atualmente com alguns centros de excelência, algumas universidades de ponta, mas esse ensino não é oferecido de forma ampla a toda a sociedade.
NET Educação – Quais os desafios da África do Sul para os próximos anos?
Furriela – A melhora da qualidade dos serviços públicos é um aspecto. Além disso, apesar da sociedade não estar mais dividida em duas, brancos e negros, não vivem completamente integrados, mas em guetos. O serviço público de educação não cobre ainda todas as áreas e tem um sério problema de concentração de renda. Hoje, temos uma classe média negra, contudo, ainda são necessários programas de distribuição de renda a favor dessa população.
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